12 posts
Love, Simon (2018)
my heart says yes but my anxiety says no
le vent qui tord les astres
você luta todas as batalhas e enfrenta a guerra por alguém. estende bandeiras brancas quando necessário e sangra por desilusões mascaradas de amor. quando se decide desistir de um amor, deixar ir -de fato-, é preciso ter força.
não havia te deixado ir até o momento em que escrevo essas palavras. você já deveria saber que eu não deixaria de escrever sobre os nossos destroços; você se apaixonou por uma escritora. assim, faço de nosso fim eterno. das palavras gritadas e do silêncio ensurdecedor quando, ambos perceberam que, seguir aquela trilha juntos já não era mais uma opção. acredito que passamos tempo demais alimentando a fantasia de que, de alguma forma, poderíamos dar certo.
é como se nosso encontro tivesse sido uma falha do universo. ou de deus. ou da programação do universo. somos duas pessoas que foram feitas minuciosamente preparadas para se destruírem. e assim fizemos, de novo e de novo. até que restasse apenas o osso. apenas as cinzas. apenas as caixas de maços de cigarro vazias, porque naquele dia eu fumei como se você fosse a fumaça que entrava e saía de mim. e você saiu. costumava acreditar que o amor em si era suficiente. duas pessoas destinadas a ficarem juntas sempre encontrariam o caminho de volta uma para a outra. você sempre encontrou o seu caminho de volta e, em todas elas, me deixou ardendo em brasas que me queimariam viva. e eu permaneceria com as queimaduras. com cada cicatriz sua. ninguém as consegue ver, mas eu consigo senti-las. não te escrevo com raiva ou pesar. amor também termina.
talvez não tenha sido amor talvez tenha sido uma paixão alimentada por sonhos inalcançáveis. uma obsessão pelo que nós poderíamos ser. pelas pessoas que nós achávamos que éramos. nós nos apaixonamos pelas imagens que criamos um do outro. eu sei que você também me viu como eu sou, viu todo o sangue. sei porque também vi o seu. e foi ali que eu soube; nós não fomos feitos para durar.
você abaixou as armas e eu também foi o fim de uma guerra a qual nós não deveríamos ter lutado nosso amor morreu e foi ressuscitado de suas paradas cardíacas tantas vezes que já o faltava força. foi ali que morremos. esse é o nosso obituário.
05/02/2018.
eis aqui a morte de um amor que nunca deveria ter vivido.
ei, eu amo vc
antes que você termine o seu café;
eu preciso te dizer, você é a coisa mais bonita que eu quase toquei, considerando que nunca tocamos algo realmente.
seu sorriso me abre me desarma me quebra e me reconstrói
você se diz caos se diz cacos mas eu te amo como amam as ruínas de Roma
eu moraria em ti
moraria nos seus cacos
juntaria cada pecadinho
até que tivéssemos um teto
até tivéssemos nós.
se você fechar os olhos enquanto toma esse café meio amargo você me sente no ambiente? você sente a minha presença assim como eu sinto a sua? eletrizante. me chama e me puxa.
antes que você termine o seu café;
seu cabelo com tons loiros me lembram campos de girassóis calmos e passageiros. eu sei que será passageiro. mas você é bonito como um girassol que vive até quatro dias num jarro e eu não posso te salvar da destruição e morte eminente. talvez seja tarde demais, amor
mas antes que você termine seu café
antes que ele esfrie
eu amei cada pedaço seu com cada intensidade que o ser humano consegue sentir (e eu achava que não conseguia sentir essa explosão)
enquanto você termina de tomar o seu café e o sol se põe e vai embora
eu também te deixo ir
amanhã o sol nasce de novo
talvez você volte. talvez não.
essa é a sua beleza e a beleza em aceitar momentos e não eternidades
te espero. ou não.
mas te guardo.
(antes que você termine o seu café,
eu amo como você segura a caneca com as duas mãos
eu amo
você)