Eu sou uma farsa
Vivo tentando fazer graça
Vivendo tudo pela metade
Querendo ser muitas de mim mesma
Versões melhores de mim
Que nunca existiram
Que talvez nunca vão existir
Eu sou uma farsa
Quando digo que faço a arte
Mas faço tudo pela metade
Eu sou uma farsa
Quando digo que está tudo bem
E não, não está tudo bem
Eu não me reconheço mais
Os traços dos meus desenhos estão fracos
Alguém cortou minhas asas
E finjo que sei voar desde então
Se tem uma coisa que eu faço demais (e que provavelmente não faz bem nenhum pra minha saúde mental) é ficar criando versões alternativas da minha vida — cenários que nunca aconteceram, mas que poderiam ter acontecido se uma coisa ou outra tivesse sido diferente. Exemplo: Às vezes eu penso em como teria sido conhecer os pais da minha mãe, num universo em que o meu avô não tivesse traído ela com uma prostituta. Nesse universo paralelo, talvez ela não tivesse largado os remédios da hipertensão e, quem sabe, não tivesse morrido daquele jeito que até hoje a minha mãe se recusa a chamar de suicídio.
O meu avô morreu alguns anos depois, de um problema nos pulmões. Tudo que sei sobre os dois são fragmentos — de um lado, as lembranças idealizadas que a minha mãe guarda; do outro, comentários aleatórios que o meu pai deixava escapar quando ela não estava por perto.
Às vezes me pego imaginando os dois cantando parabéns comigo, ao lado dos meus avós paternos, na minha festa de aniversário temática de Os Incríveis, com direito a brinquedão inflável e tudo.
Avistei essa plaquinha sábado com a mesma estética da placa do bebê!
sakizuke // diary of a wimpy kid