My baby
Tem horas que dá vontade de jogar, o pouco que tem, fora, mas aí você se lembra de tudo que passou e percebe que é mais forte que imagina. Mesmo que a vida insista em testar seus limites.
Por que essa banalização com a dor interior? As pessoas acham que só o físico é passível de dor e desespero. As pessoas dão atestado e te mandam repousar por gripe, dengue, mas ninguém te deixa de repouso por coração remendado, mente insana ou suicida. A verdade é que ninguém se preocupa com o que está do lado de dentro, ninguém se preocupa se seu coração está mais remendado que aquela roupa velha ou se a sua cabeça gira a mil e tenta te matar… O que importa é seu sorriso impecável que você sempre mantêm no rosto angelical, o que importa é responder sempre “tudo bem” pra qualquer pergunta feita e fingir que não ouve cada coisa que bate no teu peito e te fere como uma lança em chamas… Eu sei o que é estar remendada, aos pedaços e não ser vista, eu sei o que é ser feita de cacos de mim e mesmo assim continuar respirando só pra dizer que está viva, não tem um motivo, não tem um porquê, eu apenas continuo…
- Ele Arier
“Bonito mesmo é agir em silêncio. Sempre admirei quem não espalha a dor que sente, quem não se faz de coitado por palavras meia boca. Sempre achei bonito aqueles que não espalham as suas benfeitorias, que não saem gritando suas alegrias. Sempre achei bonito o silêncio de deixar as coisas acontecerem e aparecerem por si sós.”
— Sarah Pedra.
“Eu queria ser como eles, bem ao natural como a maioria dos que transitam do lado de fora destas paredes que me aprisionam em pensamentos incessantes e dores da alma, queria ser sim, como os normais que se esforçam em suportar e sustentar suas máscaras para esconder toda beleza pútrida do que realmente são por detrás de suas retinas torturadas por elementos que nunca satisfazem. Bem, eu desejaria ser igualmente aos que são merecedores de rótulos e classificações por serem supostamente desprovidos de desajustes enquanto pelejam a vida inteira em intimidade com suas intensas e veladas insanidades. Eu queria ser como eles, - você me perguntaria o motivo -, pois ser um louco aprisionado a uma lacuna de existência sem sentido talvez seja o caminho mais facilitado para uma jornada de vida com menos sofrimento e a lucidez sobre o mundo e os fenômenos te proporcione mais desbravamentos de caos do que de felicidade.”
— Ronaldo Antunes
Sou trinta passos para trás e duas curvas antes da próxima queda. Vezenquando a vida dói sem ponto final. Vezenquando essa dor vem num rompante entre desatinos da rotina e conclusões precipitadas. Deixo o sentir entrar como se não soubesse as consequências. Eu viro as costas para o vazio mesmo sabendo que é tudo o que vai restar. Pediria perdão se a voz não soasse melancólica. Pediria alento se parecesse correto. Lembro aquela da Elis dizendo sobre ser só, mas já sou. Sou só quando as luzes se apagam. Sou só quando penso em rascunhos às duas e meia da manhã. Um tanto de palavras me soam bonitas. os dedos desenham histórias, então eu mergulho, creio, até sorrio vez ou outra porque sentir tem desses momentos em que você se encontra ciente e amena. Gosto quando as palavras se encaixam entre meus anseios, ainda que haja peso. É bem verdade que em algum momento o mundo irromperá no meu peito, então eu viro pó. Existem horas que o ar falta nos pulmões sem motivo aparente, momentos inoportunos. Apenas direi que lateja como se não houvesse para onde ir. Vezenquando penso que fui feita para doer, mas aceitar seria demasiadamente triste. Eu sou a dor que ecoa nos espaços da costela enquanto lá fora faz nove graus. Sou erro que desce dos cílios e se perde na ponta dos dedos.
G.
Sou o espaço vazio entre o que eu gostaria de ser e o que eu lutei pra não ser. https://www.instagram.com/p/BuaMoq5gRXu/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=1pgiporfl9l2n
Me sinto árvore… Fincado ao chão criando raízes pelos ossos e veias, cada vez mais pesado e imóvel. E vejo de longe, dentre as folhas do meu cabelo, casais em.pouca distância se amando como se fosse o último dia de suas vidas. E sinto sede, cobiça, zelotipia, invídia porque árvores não amam. Amam apenas a terra que sinto gelada em meus pés. Amam o vento que se por descuido eu fechar os olhos me imagino livre a ponto de poder correr. Amo a chuva que me lava, que percorre cada átomo do meu corpo e parece levar toda a minha sujeira pra longe. Amo os pássaros que andam pelo meu pescoço e cantarolam Mozart ao pé de meu ouvido fazendo acender cada poro de minha casca como as flores se acendem na manhã de primavera. Amo as marcas e cicatrizes em meu tronco causadas por amantes sedentos em deixar registradas suas marcas e paixões, causadas por crianças que almejam no futuro voltar adultas para comentar sobre o dia em que me marcaram depois daquele piquenique. Marcas causadas por mim. Não lembro o quando, nem o porquê e nem o como. Árvores não amam e nem escrevem. Floreiam.
O Caffè Florian, em Veneza, 1965. Prefixos.
“Incrível como eu ainda te procuro em cada canto do meu ser, da minha alma…Nem se for apenas vestígios, fragmentos. Não importa o tamanho e sim o que ele significou. Eu ainda te busco.”
— Flagelos de um poeta.
Sinto falta daquilo que não tive. Das fotos que não tiramos, dos filmes que não assistimos, dos passeios de mãos dadas que nunca tivemos. Não sei ao certo onde errei nisso tudo, mas tudo o que eu fiz foi na intenção de acertar.
Quando ainda éramos nós.
Se fosse amor, você não mentiria olhando nos meus olhos. Se fosse amor, você não quebraria tantas promessas. Se fosse amor, você não partiria meu coração dessa maneira. Se realmente fosse amor, você não teria ido embora. Se fosse amor…