AF
Eu sou uma farsa
Vivo tentando fazer graça
Vivendo tudo pela metade
Querendo ser muitas de mim mesma
Versões melhores de mim
Que nunca existiram
Que talvez nunca vão existir
Eu sou uma farsa
Quando digo que faço a arte
Mas faço tudo pela metade
Eu sou uma farsa
Quando digo que está tudo bem
E não, não está tudo bem
Eu não me reconheço mais
Os traços dos meus desenhos estão fracos
Alguém cortou minhas asas
E finjo que sei voar desde então
Não, eu não quero outro prato de coleslaw Já estou farto, estufado Ao ponto de passar mal Não vou conseguir digerir isso que tu chama de "coleslaw" E que eu, um leigo, chamo apenas de salada de repolho
Meu corpo está perecendo
Bem, o de todos vocês também está
Eu sinto meu corpo perecendo
E esta sensação, essa sensação é desesperadora
Por que meus ossos doem?
Eu estou morrendo?!
As vezes, eu acredito nisso
Mas todos nós estamos morrendo
Mas qualquer coisa fora de ordem
Fora de ordem no meu corpo quase perfeito
Me faz perder o controle
As vezes parece que é o fim
Ou o começo de uma desgraçada
Sunbathing in East Germany, 1982. #brutgroup photo by Manfred Griebsch. Via #socmod https://www.instagram.com/p/CgckdTEM8Nv/?igshid=NGJjMDIxMWI=
Acordada por causa da asma e me perguntando se a caixa d'água do prédio onde moro contém abestos...
X (2022) ✧.*
Se tem uma coisa que eu faço demais (e que provavelmente não faz bem nenhum pra minha saúde mental) é ficar criando versões alternativas da minha vida — cenários que nunca aconteceram, mas que poderiam ter acontecido se uma coisa ou outra tivesse sido diferente. Exemplo: Às vezes eu penso em como teria sido conhecer os pais da minha mãe, num universo em que o meu avô não tivesse traído ela com uma prostituta. Nesse universo paralelo, talvez ela não tivesse largado os remédios da hipertensão e, quem sabe, não tivesse morrido daquele jeito que até hoje a minha mãe se recusa a chamar de suicídio.
O meu avô morreu alguns anos depois, de um problema nos pulmões. Tudo que sei sobre os dois são fragmentos — de um lado, as lembranças idealizadas que a minha mãe guarda; do outro, comentários aleatórios que o meu pai deixava escapar quando ela não estava por perto.
Às vezes me pego imaginando os dois cantando parabéns comigo, ao lado dos meus avós paternos, na minha festa de aniversário temática de Os Incríveis, com direito a brinquedão inflável e tudo.
Já deu para enterder que eu sou uma grande fã do blog german post war modern?
Casa das Canoas (1953) in Rio de Janeiro, Brazil, by Oscar Niemeyer
Bem vinda de volta venlafaxina.