lembra da ultima vez que a gente discutiu? as vezes tenho uns lapsos, porque entre todas, se você me perguntar como e porquê começou, eu não lembro. e não porquê não me importo, é que naquele momento, tem algo te puxando pra longe e eu me desespero. sinto de forma genuína, nós gritamos um com o outro, mas ninguém ouve. nossos corações estão se afastando, e isso dói. — eu sei, disse que não faria isso novamente, mas estou aqui me lamentando como um herói que não conseguiu salvar o mundo, mas era eu quem precisava ser salvo.
“Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana.” Autora - Tati Bernardi
Óh Sublime Heresia, vinde-a mim resgatar e amiudar seus findos pecados que vertem transgressões imundamente prazerosas ao que saciam da curiosidade genuína de te descobrir. Sublime, impetuosa, nefasta heresia, esta que adorna resquícios do que um dia exaltou castidade, mas redesenhou-se do inferno particular de minhas digitais blasfemadoras, deitando-se em gozo na cama do que possui muitos nomes. Imaculada foste, antes de se tornar minha. MINHA!
— b.m
Nesse vinho, afogam-se nossas conversas, que abortadas foram ao nascer sóbrias. Ficamos bêbados, sem medo. Um filósofo alemão disse uma certa vez: “o vinho aflora o que as pessoas têm de melhor, ou de pior.” Mas nessa altura, já não me lembro ao certo de onde era o filósofo. Era ele da Alemanha ou do buteco da esquina? Difícil dizer, talvez eu tenha acabado de inventar essa frase com meia garrafa de vinho… — Você acabou de invertar essa frase depois de meia garrafa de vinho! — Ele exclamou com uma gargalhada. — Se for isso mesmo, acho melhor pegar outra garrafa, você ainda consegue perceber quando filosofo coisas. — Eu sussurrei. — Além do mais, quero fazer filosofia mais tarde, no quarto. Dizendo algo do tipo: “Suas pernas são como o horizonte longíneo que aventureiros jamais sonharam em vislumbrar.” — Ele franziu a testa e fingiu um olhar zangado — Isso tá mais para poesia! Eu ria. — Devo pegar duas então. Uma para a filósofa e outra para a poeta. Nós rimos.
Não me abençoe, padre! Pois eu pequei.
Padre, você sentiu minha falta? Estive trancada por um tempo. Eu fui pega pelo que fiz, mas levei tudo em grande estilo. Descansei por todas as minhas confissões que eu trago comigo. Mas agora minha versão é muito pior. Então, estou de volta. Veja, eu irei para o inferno, Padre, eu sei. Pelos versos que eu tomei, eu vou para o inferno, pelo amor que eu vou fazer, eu vou para inferno sendo carregada pelo diabo. Você pode ouvir os sinos do casamento? Você pode. Padre, você sentiu minha falta? Não me pergunte onde estive, alias você sabe que eu sei, sim, me contaram que eu redefini o pecado e agora eu não sei o quê está me levando a colocar isso na minha cabeça, talvez eu queira poder morrer, talvez eu já esteja morta, pelas vidas que eu tomei, pelos votos que eu quebrei, pelo homem que odeio, pelo jeito que eu machuco enquanto levanto a minha saia, eu sei, Padre, eu vou para o inferno. Eu estou sentada em um trono enquanto eles estão sendo enterrados na sujeira. Por favor, me perdoe. Padre, eu não queria incomodá-lo, mas é que o diabo está em mim, Padre, ele está dentro de tudo o que faço. Pelas vidas que eu tomei, pelas leis que eu infringi, pelo homem que eu odeio, pelas mentiras que eu inventei, eu vou para o inferno. Pelo jeito que eu condescendo e nunca estendo a mão, minha arrogância está fazendo minha cabeça queimar na areia. Pelas almas que eu abandonei, eu vou para o inferno casada com o diabo. Você pode ouvir os sinos do casamento? Din, don. Eu sei que pode. Você pode, Padre, você e todos aqui presentes.
Oh, you fill my head with pieces of a song I can't get out!
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