👥 ― a memory involving a friend.
lando só queria acordar daquele pesadelo. mesmo depois de todos aqueles anos de contrato com a stargate, sendo conhecido pelo público, não conseguia adivinhar o que eles queriam. por muito tempo, reclamaram do seu silêncio, lhe massacraram pelo apoio oferecido à quem ele deveria odiar. e agora, depois de mostrar de qual lado estava, os ataques tinham se multiplicado. ele não sabia o que fazer, como lidar com tanto ódio. vestiu um capuz e saiu correndo na chuva, desviando das pessoas que protestavam na frente do seu prédio, e tomando o caminho conhecido da casa de hunter, alguém que ele considerava como um dos seus amigos mais próximos. não sabia o que lhe diria, ou o que esperava ouvir. mas definitivamente não imaginou que o outro fosse abrir a porta e imediatamente soltar um grito de terror, se encolhendo em um canto da sala, suplicando pela sua vida. era difícil suportar a desconfiança do público, mas o golpe de descobrir que as pessoas que ele amava e que sempre considerou como família, agora lhe enxergavam como um monstro. tentou falar, se aproximar, garantir que não havia perigo, mas seu amigo apenas soluçou, começando a se tremer. um vizinho abriu a porta, estranhando o barulho, e o hunter aproveitou para lhe pedir socorro. lando saiu dali o mais rápido possível, temendo a terrível descoberta de que nem mesmo seus amigos queriam lhe ajudar.
KARAOKE : my muse pulls your muse up on stage with them to sing some karaoke songs. (@veronicagcrcia)
se lando não tivesse bebido todas aquelas garrafas que decoravam a mesa, provavelmente teria ligado a sua luz de alerta no momento em que um dos discípulos anunciou o início da noite de karaokê na mansão. era uma comemoração idiota, apenas um descanso do treinamento ali em halyoke, mas o rapaz sempre teve bastante vergonha da sua voz depois que leu alguns comentários online lhe criticando durante uma participação em um programa, quando ainda estava na stargate. ele preferia se manter distante de microfones, optando por acompanhar uma voz talentosa em seu piano, mas não teve como escapar quando veronica lhe chamou para um dueto. o que podia fazer? era a sua atriz favorita. “ você vai se arrepender de ter me chamado quando ouvir a minha voz. ” falou brincando, mas com um fundo de verdade. era melhor que ele se criticasse antes que os outros o fizessem. “ não quero me gabar, mas ela seria capaz de destruir universos! ”
54. REFUGE : for one muse to shelter the other from enemies.
no treinamento, ele se movia com a elegância de quem sabia o que estava fazendo. talvez alguns dos outros técnicos guardassem toda a sua energia para a batalha de verdade, quando estavam diante de um inimigo que queria matá-los, mas lando sempre achou que precisava dar o melhor de si em todos os momentos. em parte, porque não podia decepcionar os seus companheiros, mesmo quando eles não lhe achassem a melhor pessoa do mundo. podia sentir uma hostilidade vinda de jessica que não sabia se merecia, por isso, ser a sua dupla naquele exercício era a oportunidade perfeita sendo apresentada. um segundo perdido em sua cabeça e ele só não foi jogado do outro lado porque a outra lhe protegeu, lançando o seu ataque logo em seguida para acabar com o treinamento. “ olha só, decidiu que eu não sou tão ruim assim? foi o meu carisma natural ou as minhas cantadas? ” perguntou com um largo sorriso no rosto, se divertindo ainda mais quando percebeu que ela estava murmurando algo, provavelmente lhe insultando de mil formas diferentes. “ ah, vamos lá! a gente até forma uma boa dupla ”
[ 𝐒𝐓𝐈𝐍𝐊𝐘 ] ― sender and receiver walk through the sewers to escape capture / avoid detection / chase someone
“ isso tudo poderia ter sido evitado se você tivesse me escutado! ” lando praticamente gritou, querendo enforcar a sua companhia enquanto os dois tentavam andar por aquele esgoto. um confronto com um grupo de heróis tinha visto os dois rivais unirem forças, ainda que eles não parecessem trabalhar bem em equipe. pelo menos, naquela equipe. “ ele só teve tempo de entrar nessa nojeira porque você estava distraído demais se certificando de que eu não enfiaria uma faca nas suas costas. e quer saber? eu adoraria ter uma faca bem afiada, nesse momento. ” reclamou pela milésima vez, tentando arrancar alguma reação de tony. quase queria que o outro lhe desafiasse para uma briga bem ali, esqueceria a missão em dois segundos por uma chance de deixá-lo sem ar. “ que m*rda! literalmente. e esse sapato ainda era novo! ”
lando sabia que larc crimson não era um herói, muito pelo contrário. todo mundo estava naquela ilha porque em algum momento da sua vida havia decidido seguir o caminho da vilania. ainda assim, tinha se surpreendido com a crueldade do líder ao lhe colocar em um mesmo quarto que anthony. não era surpresa para ninguém saber que os dois não se gostavam, qualquer discípulo conseguiria notar a relação explosiva que existia entre eles, e ainda assim, ali estavam, dividindo um mesmo quarto. quase lhe dava vontade de se aposentar apenas para não precisar dividir seu espaço com mais ninguém. lando tentou não pensar em tony enquanto desarrumava a gaveta em sua frente, o que se provou impossível quando ouviu a voz do outro. “ tô só procurando uma forma de te mandar pra longe daqui, mas ainda não achei. deve estar mais pra baixo. ” respondeu sarcasticamente enquanto sua frustração aumentava na medida em que não encontrava a antiga fotografia dos seus pais que sempre guardava no fundo da sua gaveta para os momentos em que sentia falta da sua antiga vida. “ vem cá, você andou mexendo nas minhas coisas? precisamos de uma nova conversa sobre limites? ”
@windwvlker ( 🌪️ )
Uma das razões de Anthony ainda estar com os técnicos e não com os aposentados, era porque ainda tinha muito o que aprender e também colocar em prática. Quer dizer, ele tinha controle sobre os próprios poderes. Podia encostar nas pessoas sem causar danos, e podia copiar os poderes de alguém quando sentia vontade... mas o problema estava justamente no poder dos outros. Tinha que aprender a controlar outros poderes para quando estivesse na batalha. Por conta disso, estava preso nos dormitórios dos técnicos, dividindo um cômodo com alguém que não tinha um bom histórico com Anthony quando ainda sofria nas mãos da Stargate. Na maioria das vezes, sabia ignorá-lo. Mas às vezes ele chegava no quarto e tinha um milhão de perguntas sobre a razão da gaveta de meias do rapaz estar espalhada pelo quarto, tipo agora. — Uh... — Anthony franziu o cenho, cruzando os braços na altura do peito ao observar aquela cena. — O que aconteceu aqui? Um furacão...?
lando cruzou os braços, desejando que aquela conversa terminasse o mais rápido possível. sabia que podia ter encurtado aquela interação se tivesse sido honesto logo de início, mas aquele não era o tipo de postura que gostava de adotar quando estava na frente de anthony. tinha tirado um peso das costas no momento em que percebeu que não precisava fazer o outro vilão gostar dele. “ você podia se aposentar. ou, sei lá, cair em um buraco e nunca mais voltar ” sorriu com a possibilidade de não ver mais o outro rapaz, mas logo voltou para a sua busca. sabia que era inútil continuar procurando quando já tinha revirado aquela gaveta dez vezes, mas continuava com aquele pingo de esperança de que tinha deixado algo passar. no entanto, as próximas palavras de tony fizeram lando congelar. “ eu... ” começou a dizer, sem saber exatamente o que poderia falar. depois de tudo o que a stargate fez com ele, lando sabia que tinha sigo injusto com seu colega de quarto, tinha protegido o legado de uma empresa que não tinha feito nada além de destruir a vida dos seus heróis, e ainda assim, era incapaz de tentar construir uma ponte para salvar aquela relação. “ quem sabe, talvez você esteja tentando gabaritar o código penal. além disso, nós somos vilões, esqueceu? uma ficha criminal longa é uma dádiva. só espero que você não esteja planejando um sequestro, não tenho certeza se a minha família pagaria o resgate. ” parou por alguns segundos, pensando se deveria ser sincero mesmo e dar alguma informação ao outro. “ um porta retratos. é besteira, mas eu... enfim, como eu disse, besteira. ” falou sem jeito, tentando parecer não se importar.
Anthony bufou com a resposta de Lando. Era sempre impossível ter uma conversa com o cara; e muitas vezes essa dificuldade vinha de Anthony também. Quando não estavam ignorando a presença do outro, uma simples questão sobre o quarto que dividiam muitas vezes podia virar uma discussão. — Muito gentil da sua parte, eu adoraria ir para algum lugar que não tenho que dividir com você. — Anthony respirou fundo, indo até a sua parte do quarto, que pelo menos parecia intocada. Não queria se entender nem um pouco mais, não só porque Lando podia irritá-lo, mas também porque estava cansado. Havia acabado de chegar de um treino e ainda podia sentir na ponta dos dedos o poder de pirocinese de um extraordinário que copiou mais cedo. Quando Lando voltou a falar, no entanto, Tony sentiu aquela irritação tão familiar retornar, olhando pra ele de novo em confusão. — O que? — Cruzou os braços, concluindo que Lando ainda não encontrou o que procurava. — Espera... Isso é engraçado. — Tony soltou um riso sarcástico, mesmo sem achar graça. — Primeiro, você me acusa de ser um assassino e agora sou um ladrão? — Anthony podia tentar fingir que podia aguentar as acusações, mas lembrar-se da época em que sofreu nas mãos da Stargate quando seu irmão morreu ainda pesava em seu peito. Rolou os olhos, sabendo que era melhor tentar acabar logo com isso. — Fala logo o que você perdeu.