eu me lembro de tantas coisas sobre nós,
menos da mais importante:
que você também me quebrou e acabou indo embora.
não se recebe mais amor. não importa o quanto se doe ao mundo.
existe uma contagem regressiva num trem de ida para o fim dos tempos e tudo que fazemos é chorar.
jogar uma alma inocente, num mundo imprudente e displacente de empatia foi a pior escolha do destino.
e escolher viver com isso piora a cada manhã.
almas são corrompidas de tristeza pela ingratidão,
e continuar tentando salvar quem não procura uma cura acaba transformando esperança em amargura.
então, quem pôs os planetas em minhas mãos? elas já não aguentam mais, calejadas, seguram a anos o peso de viver - o peso de não pertencer.
- porque o mundo e você é um relacionamento unilateral, amor.
pobre criança, tanto quis se encaixar,
só pra no final perceber que nem sequer fazia parte daquele quebra-cabeça.
antes de confessar que daria minha vida por você,
você a tirou de mim.
tive que perceber sozinha o porquê de não me sentir segura para te confessar isso em primeiro lugar.
você roubou meu riso,
minhas lágrimas,
levou minha alma, minha vida
e preferiu ignorar meus sentimentos
(eles nunca valeram nada pra você?)
então, por favor, olhe para minha alma e veja.
veja o quanto eu fui machucada no passado - e o quanto isso me dói até hoje. e veja também que eu estou implorando para que você fique.
por você eu fui
humilhada, xingada, desprezada, calada.
e em vez de me transformar em revolta,
fechei minha porta,
chorei por horas
e agora nada mais importa.
isso porque
por ser sempre bem regada,
minha tristeza vence qualquer sentimento entre meus elementos,
e agora, com um breve lamento,
te deixo ir.
eu tinha uma mania de querer escrever jeito com g.
e você insistia em me corrigir dizendo que o certo era com j.
então eu aprendi a escrever jeito certo, porque gostava do teu jeito e queria te contar isso. mas do jeito certo.
acabou que hoje em dia eu sei escrever jeito corretamente,
mas você já não tá mais aqui.
acho que meu jeito te assustou.
[volta por favor, to com saudade.]
será que se eu começar a escrever jeito errado de novo, você volta nem que seja pra me corrigir?
e eu me odeio.
e eu quero socar meu rosto.
e eu poderia bater inúmeras vezes minha cabeça contra a parede.
e a raiva é crescente dentro de mim.
e eu quero chorar.
e eu só consigo pensar que tudo isso é culpa minha.
por que, céus, a quem mais eu posso culpar pela minha infelicidade?
deveria ser eu quem controla minha vida e minhas emoções, não um sentimento estúpido que nem deveria existir.
então você chora,
mas escondido
e baixo.
no seu recanto, encolhida no canto da sua própria cama, por dentro sangrando, mas ainda aguentando.
calada.
eu juro que tem vezes que a única coisa que me acalma é a sua voz.
[me dizendo que tudo vai ficar bem.]
obrigada por cuidar de mim.
vocês não entendem né?
meu único inimigo sou eu.
a única pessoa que me diminui,
que me faz entristecer,
que me diz palavras frias e duras,
que me odeia,
sou eu mesma.
é tudo culpa minha.
sou triste por quem eu sou.