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Sem Palavras - Blog Posts

4 months ago

a  percepção  de  mais  uma  batalha  perdida  contra  os  próprios  impulsos  fez  seus  músculos  se  enrijecerem  ,  enquanto  o  estômago  ardia  como  se  atravessado  por  uma  corrente  elétrica  ,  carregando-a  tal  como  um  fio  exposto  ,  vibrando  em  ira  e  vivacidade. seus  pensamentos  ,  tudo  menos  indulgentes  ,  orbitavam  em  torno  da  repulsa  por  sua  falha  e  na  abominação  que  acreditava  encarnar  quando  confrontada  com  as  feridas  emocionais  que  ele  parecia  despertar  com  sua  mera  presença. o  problema  é  você. a  frase  ecoava  em  sua  mente  ,  arrastando-a  para  um  passado  ,  onde  em  sua  infância  os  fios  dourados  se  tornavam  pretos  ,  e  uma  figura  imponente  pairava  sobre  ela  ,  sufocando-a  em  submissão  mental. as  lágrimas  infantis  ,  pequenas  , mas  intensas  ,  alimentando  golpes  emocionais  que  ainda  reverberavam. podia  quase  sentir  o  gosto  salobre  na  garganta  antes  de  sacudir  a  cabeça  ,  dispersando  as  memórias  cáusticas.

seus  olhos ,  ferinos  e  borbulhando  com  animosidade ,  fixavam-se  com  uma  hostilidade  peculiarmente  reservada  à  figura  loira. com  uma  calma  traiçoeira  que  contradizia  a  eletricidade  em  seus  nervos  ,  repousou  as  mãos  sobre  a  bancada. ele  não  merecia  o  privilégio  de  vê-la  vulnerável  ,  nem  a  satisfação  de  perceber  o  ímpeto  visceral  de  estrangulá-lo  que  lhe  aflorava. observou-o  virar-se  com  desdém  calculado  ,  os  movimentos  meticulosamente  ensaiados  ,  enquanto  um  sorriso  enviesado  ,  desprovido  de  calor  ,  curvou  seus  lábios. sua  voz  emergiu  doce  ,  quase  melíflua  ,  mas  carregada  de  um  veneno  que  nenhum  esforço  fazia  questão  de  mascarar. ❝  mais  engraçado  e  fascinante  é  como  você  parece  saber  tanto  sobre  mim  a  ponto  de  formular  uma  análise  tão  detalhada. talvez  devesse  considerar  uma  carreira  em  psicologia  ,  porque  ,  no  direito  ,  sabemos  a  fraude  que  é. ❞  seu  tom  ,  cortante  ,  ecoava  em  sarcasmo.

❝  não  perguntei  sobre  como  brontë  considera  o  amor  uma  força  poderosa  ,  arrebatadora  e  destrutiva  ,  uma  tempestade  que  transcende  as  normas  sociais  e  o  bem-estar  pessoal. nem  sobre  como  shakespeare  o  define  como  complexo  ,  imperfeito  e  intrínseco  ao  ser  humano. muito  menos  sobre  a  visão  de  austen  ,  que  o  interpreta  como  ações  e  não  palavras  ,  respeito  mútuo  e  entendimento  profundo. perguntei  o  que  você  considera  ser  o  amor  ,  christopher. ❞  os  olhos  semicerraram  num  gesto  de  calculada  ironia. ❝  talvez tolstói  seja  mais  do  seu  gosto. ele  o  descreve  como  o  ato  de  fazer  o  bem  ,  a  essência  da  vida  ,  a  fundação  do  mundo  ,  uma  força  universalmente  reconhecível , impossível de não ser compreendida. irônico  ,  não  ?  o  completo  oposto  de  sua  ladainha  vazia. então  ,  diga-me  ,  como  essas  citações  sustentariam  seu  ponto  falho  ?  ❞  as  palavras  eram  carregadas  com  o  desprezo  acumulado  —  passado  ,  presente  e  ,  inevitavelmente  ,  futuro.

❝  descrever  utopias  é  infinitamente  mais  fácil  do  que  vivê-las. o  'amor'  é  um  desejo  fabricado  pelos  que  buscam  preencher  o  vazio  deixado  pela  verdadeira  natureza  humana  —  crueldade  ,  desprezo  e  obrigações  que  nos  afastam  do  que  realmente  queremos. no  fim,  não  passa  de  um  conceito  ,  uma  ferramenta  para  subjugar  em  nome  de  algo  inalcançável. ❞  as  aspas  eram  acompanhadas  por  um  olhar  incisivo  ,  que  estudava  as  reações  alheias  como  um  predador  observando  sua  presa. ❝  ou  talvez  seja  fácil  falar  do  amor  em  ficção  ,  como  tantos  antes  de  nós  fizeram. mas  ,  você  não  pode  descrevê-lo  na  realidade  ,  na  prática  ,  d'amato  ,  porque  nunca  o  sentiu. ❞  girou  o  líquido  rubi  lentamente  no  copo  entre  seus  dedos  antes  de  elevá-lo  ,  canalizando  em  cada  movimento  o  desdém  crescente.

❝  não  sou  eu  quem  se  acha  detentora  de  uma  razão  suprema  para  discursar  sobre  algo  que  nunca  experimentei. essa  é  a  sua  arrogância  ,  não  a  minha. ❞  abaixando  o  vidro  com  delicadeza  ,  permitiu  a  distância  entre  eles  ser  preenchida  pela  tensão. ❝  e não coloco a minha verdade acima da de  ninguém  ,  exceto  daqueles  que  são  moralmente  inferiores  a  mim. isso  se  chama  ter  princípios  ,  deveria  experimentar  tê-los  ,  talvez  assim  criasse  algo  próximo  de  uma  consciência. ❞  era uma dança de  palavras  afiadas como navalhas  ,  cada  uma  estrategicamente  lançada  para  encontrar  brechas  na  impecável  fachada  do  adversário. por  um  instante  ponderou  continuar  com  o  assunto  ou  simplesmente  levantar-se  e  dar  as  costas  ,  quando  a  menção  do  próprio  fracasso  despertou  ódio  em  suas  veias. neslihan  encontraria  a  ferida  de  christopher  e  a  faria  sangrar  como  nunca  antes. ❝  você  é  desprezível. quantas  pessoas  sabem  do  verdadeiro  monstro  que  você  é  ?  ou  prefere  se  esconder  atrás  dessa  empáfia  calculada  ,  apenas  para  evitar  sufocar  por  tudo  que  reprime  ?  ❞  o  gosto  do  negroni  parecia  menos  amargo  do  que  o  que  sua  fala  deixava  no  ar. não  se  tratava  apenas  do orgulho  ferido  ,  mas  a  memória  viva  de  tudo  que  kadir  şahverdi  havia  conquistado  às  custas  de  inocentes  ,  auxiliado  pelos  homens  rizzo ,  era  como  derramar  ácido  em  sua  alma  ,  em  seu  senso. algo  que  o  outro  seria  incapaz  de  desenvolver  nem  mesmo  em  mil  vindas  ao  plano  terreno.

 a  verdade  era ,  de  longe ,  a  coisa  mais  vulnerável  a  se  compartilhar  com  alguém  ,  e  a  sua  a  corroía  em  pequenas  e  dolorosas  doses  ,  não  permitiria  que  ele  tivesse  aquele  tipo  de  influência  sob  si. ❝  um  brinde  à  miséria  ,  d’amato  ,  que  ela  continue  sendo  a  musa  inspiradora  da  sua  eterna  arrogância. ❞  sorveu  outro  gole  elegante  ,  antes  de  repetir  a  saudação  sem  a  mesma  teatralidade. por  uns  instantes  repousou  o  cenho  sobre  os  dígitos  sustentados  pelos  braços  apoiados  contra  a  bancada  ,  como  se  apenas  assim  pudesse  conter  o  caos  em  seu  interior.

A  percepção  de  mais  uma  batalha  perdida  contra  os  próprios  impulsos  fez  seus
A Princípio, A Risada Não Havia Chamado A Atenção De Christopher, Afinal, Haviam Pessoas Demais Ali

A princípio, a risada não havia chamado a atenção de Christopher, afinal, haviam pessoas demais ali e o alvo de riso podia estar em qualquer lugar, porém a voz que se fez audível no segundo seguinte, para seu total desprazer, era de alguém que ele conhecia bem o suficiente para saber que toda aquela ironia contida era dirigida a ele.

Devagar, se virou na direção dela, não fazendo a menor questão de esconder a expressão clara de descontentamento em seu rosto. "Só uma pessoa como você, Gokçe, para achar que alguém precisa ser autoridade para falar sobre algo que, no fim das contas, é inerente a cada ser humano." Sarcasmo se mesclava ao desprezo emoldurando cada palavra pronunciada em seu tom naturalmente calmo enquanto fixava seus olhos no rosto alheio. Para ele, não havia a menor possibilidade de alguém conseguir falar com exatidão sobre o sentimento, afinal, cada um o sentia de uma forma, por isso o amor era retratado de tantas formas diferentes em livros e canções. E era exatamente por isso que o considerava um sentimento tão bonito: pela sua forma de se adaptar.

O indicador circulava a circunferência do copo enquanto ele esperava, da forma mais calma possível, ela falar. Vez ou outra, arqueava a sobrancelha conforme a irônia parecia crescer em suas declarações. Quase soltou um palavrão ao vê-la ajustar a postura, como se ela o estivesse dispensando de uma conversa da qual ela sequer fazia parte a princípio. Em diferentes ocasiões, ele sequer se daria ao trabalho de respondê-la, mas naquele dia ele já havia engolido seu desconforto vezes o suficiente a ponto de se recusar a fazê-lo de novo. Em busca de manter os nervos em seus devidos lugar, Christopher levou o copo aos lábios, sorvendo o restante do whisky em um gole único, e logo após, gesticulou para que o garçom efetuasse a reposição de bebida. Ela podia considerar o assunto encerrado, mas ele não.

"Engraçado como um elogio vindo da pessoa errada é capaz de causar tanto desconforto, não acha?" Comentou em tom divertido, apenas porque sabia que iria incomoda-la ainda mais. Claro que ele sabia que os tais elogios haviam sido feitos de forma sarcástica, mas se recusava a cair na provocação. "Sabe, eu poderia citar trechos e mais trechos de renomados nomes da literatura, músicas de todos os estilos possíveis que falam sobre o amor, mas ainda assim você não iria compreender, porque no fim das contas, o problema não é na existência ou não do sentimento, o problema é você." Agradeceu o garçom com um aceno breve de cabeça ao ter o copo preenchido novamente. "Você que acredita ser tão dona da verdade que quando acha alguém que pensa e age diferente de você já se acha no pleno direito de se colocar como certa." Independente da irritação que sentia, Christopher manteve o tom ameno e os sentimentos devidamente camuflados em uma máscara de tranquilidade que já estava mais do que habituado em utilizar. "Fora que é extremamente engraçado você se achar no direito de falar sobre fracasso comigo, já que visivelmente fica remoendo o seu até hoje." Sim, aquele havia sido um golpe baixo, afinal. ele entendia perfeitamente a frustração que perder algo para uma figura paterna, mas naquele momento pouco importava. Ela até poderia ter sucesso em tornar o dia dele ainda mais miserável, mas ele não se sentiria miserável sozinho. "Cheers to our own misery!" Ergueu o copo como se estivessem brindando e mais uma vez o levou aos lábios, sorvendo um longo gole e então virou-se novamente para frente, decidido a não dirigir a palavra à ela novamente.

A Princípio, A Risada Não Havia Chamado A Atenção De Christopher, Afinal, Haviam Pessoas Demais Ali

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