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Manter a esperança
Fadiga da espera
De ver tudo melhorar
A fio os fatos
Me ponho a sabotar
Sonhos e desejos
Que nunca esperei realizar
É tempo de espera
Espera paciência
Colheita é promessa
Do fim da loucura
Do pesadelo, da tortura
Espera no abraço
Fortaleça os laços
Sorria entre amigas
Aprenda algo novo
Enquanto a loucura não cessa
Vá para roda de samba
Vá para um show de reggae
Abrace crianças, dê atenção aos idosos
Espalhe amor
Porque o tempo está difícil
Há muita intolerância
Proteja nossas crianças
Com o escudo da razão
Conte uma história bonita
Mergulhe seu corpo no mar
Inventa canções
Se aqueça no sol
Descanse quando o corpo pedir
Mantenha a esperança
Preciso de ti
Tudo vai melhorar
Quando esse (des) governo cair
Olhinhos amendoados
Sempre foi tão bonitinha
Desde pequeninha a pregar peças
Se esconde e salta da moita
Assusta quem passa na calçada
Corre, grita e dança
Um cisquinho a perambular
De esquina em esquina,
Casa de vó casa de mãe
Olhinhos amendoados
Observa o movimento
Planeja suas travessuras
De menina-moleque-feliz
Não se importa com os gritos
Abstrai tudo e vai brincar
Sempre rindo, sempre esperta
Malandragem que fala
Alfinete que espeta
Risada que contagia, é tudo brincadeira
Pra quê levar a vida tão à sério?
Olhinhos de amêndoas atentos
Menina das perninhas de graveto
Negra Cabeleira ao vento
Lá vai aqueles olhinhos descendo e subindo o morro
Empurrando a bike ou correndo de cachorro
Olhinhos amendoados te conheço já faz um bocado
Ora desperta amor,
Ora esse amor vai pro ralo
Mas olhinhos amendoados
Só vim dizer
Obrigado!
Para A.L.
Aline Rafaela Lelis
"Sê forte." Disse-me um anjo. "Agora estás por sua conta e risco. Parece assustador, mas essa sempre foi a realidade. O resto era tudo ilusão, e você acreditou porque não estava preparada para lidar com a verdade. Agora que sabes, não te apavora. Saber que tens a si e poder contar consigo mesma é a maior liberdade que um ser humano pode ter".
Aline Rafaela Lelis (Notas de Celular - Setembro de 2019)
"Descartei a ideia de me referir aos ciúmes dos homens, por que os há de muitos tipos e com frequência não têm nada a ver com o amor, mas com o poder, a autoridade e o conceito de honra. A honra masculina costuma depender da virtude das mulheres; isso explica tantas formas de repressão que elas sofrem por culpa do ego de algum macho próximo".
ALLENDE, Isabel. Amor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. p. 103
Abril abre o outono. Outono abre meu coração para o mundo. O mundo desabrocha profundo em cores amareladas, alaranjadas, texturas sutis. Caem as folhas primaveris, as árvores ficam nuas e despetalados os jardins. E eu nua de acúmulos, enfim posso fazer primavera em mim.
Aline Rafaela Lelis
Encontrar dentro de si mesma o acalanto que precisas. Encontrar - se dentro de si. Cessar o pranto e acreditar. No espaço escuro, vazio e agonizante, a FÉ a redirecionar seus pensamentos. Não te percas, o inferno tem muitas portas e nenhuma delas te leva à redenção. Confia em ti, encontra-te primeiro. Ouça o que diz a voz que vem do coração. Se for ele, tu saberás. Se não for ele, tu também saberás! Cura-te primeiro e você verá florir o que antes era medo e solidão.
Aline Rafaela Lelis
Coragem e acreditar no que sente. Porque quando a sua luz começar a brilhar muitos virão tentar te ofuscar. Portanto, não seja a primeira a se sabotar.
Criola (Grafiteira)
Adoro gente que não sente necessidade de preencher o silêncio dentro de um espaço-tempo. Gente que sabe que o silêncio não precisa ser incômodo. Gente que acredita no silêncio como forma de obter paz.
Aline Rafaela Lelis
Quando fico desesperado, lembro-me de que em toda a História a verdade e o amor sempre triunfaram. Houve tiranos e assassinos e, por algum motivo eles pareciam invencíveis, mas no final eles sempre caem. Pense nisso. Sempre.
Mohandas Karamchand Gandhi
Mãe limpou meu peito com borracha em sonho. Mãe sabe tanta coisa! Ela me vê triste e quer ajudar. Não sabendo como se aproximar, ela vai até meus sonhos para dizer que, se ela pudesse apagava as minhas dores com borracha branca. Só para nunca mais ver o meu semblante triste.
As mães são sempre tão divinas! O nosso primeiro contato com Deus é através das nossas mães. Ainda me lembro do dia em que a minha me levou a pé no hospital para uma consulta e, na volta, na hora de subir o morro, me sentia indisposta, idade pouca, febre latente, desejava em pensamentos ser carregada. Olhava para mãe e via seus olhos cansados, via o cansaço impregnado na sua alma. Mas mesmo assim mãe leu meus pensamentos. Ela suspirou bem fundo, como se tivesse pedindo a Deus força e me pegou no colo.
No momento que deitei a minha cabeça sobre os seus ombros, era como se tivesse abraçado Deus, seus braços me acolhiam num calor confortável, não havia lugar melhor no mundo para estar naquele momento.
Cochilei até chegar ao topo extenso do morro.
Quando chegamos ela me colocou no chão e perguntou se eu me sentia melhor. Balancei a cabeça em sinal positivo. Ela deu um sorriso de alívio.
Amor de mãe é incondicional e profundo. Não cessa com a ingratidão dos filhos, é sempre doação e fé.
A fé de que um dia nós filhos e filhas possamos entender que cada gesto delas é um sacrifício de si mesmas para o nosso bem.
Amor de mãe é um ato de fé e esperança na humanidade.
Aline Rafaela
(...) "Não acho que Deus saiba quem nós somos. Acho que Ele gostaria de nós se nos conhecesse, mas não acho que Ele conheça a gente.
Mas Ele fez a gente, Dona. Não?
Fez. Mas fez o rabo do pavão também. Isso deve ter sido mais difícil.
Ah, mas, Dona, a gente canta e fala. Pavão não.
A gente precisa. Pavão não. O que mais a gente tem?
Ideias. Mãos para fazer as coisas.
Tudo muito bem. Mas essa é a coisa nossa. Não de Deus. Ele está fazendo alguma outra coisa no mundo. Nós não estamos na cabeça Dele.
O que Ele está fazendo então, se não está cuidando da gente?
Deus sabe.
E explodiram em risada, como meninas pequenas escondidas atrás do estábulo adorando o perigo dessa conversa". (...)
MORRISON, Toni. Compaixão. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. pp. 77-78.
Maria, hoje foi mais um daqueles dias, que a gente tá com a cabeça no futuro e acaba esquecendo nosso presente duro. Sabe esses dias em que a gente foca na vida que devia ser e esquecemos da vida que temos? Para mim todo dia tem sido assim! Me disseram que nossos pensamentos criam nossa realidade. Eu juro que essa não é a realidade que pensei para mim há cinco anos atrás! Fui otimista, fiz tudo conforme manda o protocolo. Estudei as possibilidades, fiz um cronograma, coloquei no papel as metas, agi para alcançar os objetivos e morri na praia. Sem dinheiro e sem amor. Mas Maria, eu acreditei na ilusão de que estava no controle. Mas se somos responsáveis por tudo que acontece conosco. Como criei essa realidade? E agora, nesse exato momento, como estou criando o meu futuro? Eu não faço ideia. Não sei mais no que acreditar. Estamos no controle ou não estamos? Só sei que essas experiências me fazem pensar que não. Não estamos no controle, não da forma que gostaríamos de estar. Estamos num caminho, seguindo uma direção, uma estrada que converge para Luz. Estamos aprendendo a ser melhores. Não vivemos o que queremos, mas o que precisamos e merecemos. A ideia é aprender o amor. Estamos todos aprendendo a amar incondicionalmente. Mas olha a loucura que o mundo se encontra! Manter a sanidade é um luxo, não enlouquecer é um privilégio, seguir até o final, suportando todos os pesos, medos, decepções é só para os fortes. De vez em quando eu duvido da minha fortaleza, e juro que suplico por moleza. Mas a vida não é oba oba. A vida não é uma série de televisão. Não é diversão. Não é o que a gente vê no GNT ou OFF. A vida de quem é perfeita como na televisão? Quem come aquelas comidas e viaja para lugares incríveis que a gente nem nunca ouviu falar? Meu Deus quanta loucura! O que vejo na real é tanta miséria, gente sem dinheiro para o pão. Crianças com fome de sobremesa, olhos grandes olhando para o cornetto da jovem que passa do lado de lá do ponto. A mãe tentando distrair e a criança arrisca a pedir. A mãe lamenta, dinheiro contado, e lá se vai mais um desejo simples não realizado.
Maria, a vida aqui me aterroriza, estou desconectada com a minha alma, vim para uma missão nobre, todos nós viemos, mas estou distraída demais tentando ter sucesso, tentando não ficar para atrás. Tentando alcançar meus colegas doutores. Não tenho coragem de voltar para mim e aceitar a minha simplicidade. Fiz esse tal de Instagram e parece que todo mundo está fazendo algo importante. Minha vida simples parece tão desinteressante. Estou vivendo como uma morta-viva. Meu coração está um gelo, e nem é o frio do inverno que deixa meu peito gelado. É falta de abraço. Falta de acalanto, de olhar nos olhos, de fazer cafuné e deitar no colo. Tudo que eu sempre quis foi poder pagar meu próprio aluguel, criar gatos, pintar quadros, cantarolar manhãs, fazer biscoitos, bolos, fumar um cigarro e conversar com quem faz questão. Olha para mim agora Maria! Não sei quem sou, estou competindo com quem? Estou tentando ser sucesso para quem? Por que ando partida? Olhar que não seduz, corpo que se arrasta, medo que paralisa, sorriso que disfarça dor. Para quem são os livros que leio? Qual foi a última vez que habitei a mim? Quando deixei de ser eu? Quando ergui uma barreira entre mim os braços calorosos dos meus progenitores? Quem são as pessoas a minha volta? Quantas delas já não estão como eu? Mortas! O que fazer para acender a chama? Correr o perigo natural de quem se permite viver? Como devo proceder, o que devo abandonar?
Maria, hoje foi mais um desses dias de coração frio, mente apavorada, olhos buscando cor, peito pedindo calor.
Mas Maria, passei na Igreja e acendi uma vela, fiz uma prece e estou esperando o milagre. O que me deixa de pé, é que eu ainda acredito em milagres.
Aline Rafaela Lelis
Nota de Celular- escrito em 25 de julho de 2019
"Eu também tive um rio que secou. Também sou guerreiro e sonhador. Eu também sei cantar pra não gritar de dor".
- Sérgio Pererê
Moço, se soubesse que por detrás do seu sorriso encontraria ilusão. Já evitava de antemão esse contragosto. Te pouparia da minha fúria de mulher machucada! Que depois de cada sexo se sente usada, e não sabe aproveitar o momento sem criar grandes expectativas. Afinal, meu desejo de ser amada, não é fruto dessa madrugada. Trago as entranhas machucadas. São gerações de mulheres mal amadas. Faz parte da minha linhagem essa ânsia de amor de verdade. Amor que na realidade não é nada demais. É cuidado! Atenção de quem tem interesse de alma, de quem sonha e compartilha sonhos, de quem enxerga nos olhos da amada um horizonte de felicidade. Minha bagagem é pesada, eu sei. Mas "não vou posar de ser perfeita pra você"! Eu já tenho para mim, que eu mereço um amor real e que se importa. Uma hora esse amor bate à minha porta. E o êxtase será tão grande, que as entranhas feridas serão curadas. Da minha linhagem toda a dor será extirpada. Então, no lugar de feridas, lindas cicatrizes, de quem acreditou ser merecedora de todo amor do mundo.
Aline Rafaela
Brazilian singer and guitarist João Gilberto - “Father of Bossa Nova”
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Embora muito próxima, ela sempre me pareceu indecifrável. Do tipo de pessoa que não se pode esperar muito. Ela me entristece nas pequenas coisas. Na ausência da escuta e na frieza dos gestos. Abraçá-la é semelhante a tocar um estranho. Diferentemente do abraço que cura, seus braços não são envolventes e não dizem nada além de boa educação. Essa falta de calor, essa contenção dos sentidos por si só magoa. Uma bobagem… Porque abraços aconchegantes é comum entre mim e outras pessoas. Mas penso que o afeto entre irmãs deveria ser condição mínima para cristalizar os laços.
Aline Rafaela
O que me irrita nela não é o cabelo que nasce do meio certinho da testa em formato “v”. Nem o scarpin que ela usa desnecessariamente todos os dias para ir trabalhar. Não, ela não é advogada ou juíza. Talvez até quisesse ser. O que me incomoda nela, não é a maneira como ela conversa com a filha e o marido ao telefone: “Oi filhinha! Como foi a aula de espanhol?”, “Amor, comprou o livro do Percy Jackson para nossa filhinha?”.
O que me irrita nela, não é ela em si. Sou eu e as memórias que tenho de mulheres como ela.
Algumas mulheres brancas me remetem à opressão, à decepção de ainda criança entender que algumas mulheres, que só pela cor (branca), cabelos (lisos e loiros) e corpo (magro) serão ouvidas e gentilmente tratadas, e, de quebra, essas mulheres trazem consigo um relativo poder de fala, de imposição através do corpo, de olhos desdenhosos cheios de vantagem e desprezo por outras mulheres diferentes dela.
A mulher a quem me refiro traz na atitude, a branquitude vestida de sonsa e a vantagem de ser branca vestida de vítima. A razão eloquente proveniente da fala mansa e gestos que dão a entender nas entrelinhas “não gosto de ser contrariada”, e o olhar fuzilante quando nota na outra (mulher/alteridade), postura, competência e autoridade.
Nesse momento é que a atitude (branquitude) da mulher dá lugar à fragilidade que tem todo ser em vantagem de poder, o medo de um dia ter que dividir esse poder e aceitar que ela não é, nunca foi e nunca será o centro do mundo.
Aline Rafaela Lelis
rain has fallen on the poem
Se só a morte em si
Me fizer lembrar da vida
Que triste fim seria
Esta minha jornada.
Como trazer a vida
Para dentro de um coração
Que não crê em mais nada?
Não sinto pulsar
Uma gota de esperança
Em minhas veias.
Meus olhos pedem socorro
Meu sono é um aviso
De que estou cansada demais
Para lutar sozinha
Queria que viesse até mim
E me dissesse:
"tudo vai ficar bem
Você não está sozinha
Vamos até a cozinha
Vou te fazer um jantar,
Não se preocupe minha querida!
Que eu não solto da tua mão
até você voltar a caminhar"
Se só a morte em si
Me fizer lembrar da vida
A morte simbólica
O que significa?
Que devo reagir antes da morte em si chegar?
Que devo viver e sentir vida pulsar?
O que eu mais quero é acordar
Acordar da letargia, eu juro!
Só não sei por onde começar,
E também estou sem forças!
Aline Rafaela Lelis
Meus sonhos não cabem no coração!
Meus sonhos nunca ficam guardados
Eles têm asas próprias
Voam por aí buscando pouso
Não param nunca.
E eu?
Eu só acompanho o voo deles.
No fundo sei que tudo vale e não vale ao mesmo tempo
Então é preciso ter a destreza de não levar a vida tão a sério
O sonho está lá
A brilhar nos céus
Ele é que observa a gente lá do alto
Se ele vai pousar ou não
Se ele vai encontrar expressão,
Se vai tomar forma,
Não muda a nossa realidade mais intrínseca
De um dia nunca mais abrir os olhos e a boca
A gente perece
Mas o sonho não
"Sonhos não envelhecem".
Ficam soltos no ar
Eles nem são nossos
Os sonhos pertencem
A humanidade cósmica.
Aline Rafaela Lelis
O céu da noite e da manhã É que me faz acreditar em Deus. O sol, a lua e as estrelas Estão tão longe, e ao mesmo tempo tão perto! Me perco no mistério, Me sinto amparada pelo infinito. De qualquer janela que olho O céu está bonito. Nas noites estreladas Nas nuvens acinzentadas Ou no céu todo preto Beleza não falta. O céu diz ao meu coração todos os dias "Confia mulher, seu destino é ser luz É iluminar, jamais se perca na vã materialidade" O céu está a me mostrar o que realmente importa: O ministério, a magia, o divino A paz no coração de quem se alinhou com o sagrado. O céu é uma mãe Que consola a humanidade inteira em desalento Só é preciso estar atento E de vez em quando olhar para o Alto E ver que sobre si recaem todas as bênçãos.
Aline Rafaela Lelis
Hilda Hilst, no livro ‘De amor tenho vivido’. São Paulo: Companhia das Letras, 2018 https://www.instagram.com/p/BxFkfSYJobQ/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=y94fewnkj5hh
De todos os seres existentes (e os há aos milhões), o homem é apenas um. Dentre os milhões de homens que vivem na Terra, o povo civilizado que vive da agricultura é apenas uma pequena proporção. Menor ainda é a quantidade dos que, homens de escritório, ou de fortuna, viajam, de carruagem ou de barco. E, destes todos, um homem na carruagem nada mais é do que a ponta do fio de cabelo no flanco de um cavalo. Por que, então, toda esta agitação acerca de grandes homens e de grandes empregos? Por que todas as discussões dos eruditos? Por que todas as controvérsias dos políticos? Não há limites fixos, o tempo não permanece imóvel. Nada dura. Nada é final. Você não pode segurar o fim ou o princípio. O sábio vê o próximo e o distante como se fossem idênticos. Ele não despreza o pequeno, nem valoriza o grande. Onde todos os padrões se diferem, como poderá você comparar? Com um olhar ele se apodera do passado e do presente; sem tristeza pelo passado. Nem impaciência pelo presente. Tudo está em movimento, tem experiência da plenitude e do vazio. Não se rejubila no sucesso, nem lamenta o insucesso. O jogo nunca está terminado. O nascimento e a morte são iguais. Os termos nunca são finais.
Os Dilúvios de Outono, Chuang Tzu. MERTON, Thomas. A via de Chuang Tzu. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. pp- 133-134)
Se um dia eu precisar das redes sociais para existir,
Quer dizer que eu me perdi de mim.
Quer dizer que eu já não sei mais quem sou.
Quer dizer que estou em total desamor.
Dizem que quem não é visto, nunca é lembrado.
Deve ser por isso que existem os stories.
Eu valorizo quem se lembra só por lembrar,
De um abraço, de um sorriso, de um gesto ou um olhar.
Não, eu não preciso das redes sociais para existir,
Nem meus poemas.
Eles existem é dentro de mim.
Desde muito tempo é assim,
As palavras brotam do peito,
E quando vejo já está no papel
Ou em rascunho no celular.
É através das palavras que eu expresso
Todo amor e toda dor.
Para eu existir não preciso estar logado
Não preciso de mil curtidas.
Fazer existir dentro de si
Sem aprovação de terceiros
É um ato de coragem,
É atitude de quem jurou fidelidade a si mesmo.
Nós precisamos existir independente dos posts,
Dos perfis e dos seguidores.
A vida acontece é dentro de nós,
Estar presente no ciberespaço
Só é bom quando aprendemos a ser presentes dentro da gente.
Se um dia eu precisar das redes sociais para existir,
Devo acreditar que cheguei ao fim.
Aline Rafaela
A recomendação é persistir. Acreditar na própria voz, ignorar quem encher o saco e persistir. Não só na escrita, mas em si mesma. A gente costuma desistir da gente muito fácil.
Rayane Leão.
Bela sempre gostou de dormir depois de observar o céu. As estrelas parecem sinalizar alguma coisa. Acalmar o coração. Fortalecer as ideias. Quando ela olha para o céu da sua janela, há sempre uma estrela que chama mais a atenção. E é aquela estrela que dá o recado. Ela fecha os olhos e sente no coração uma voz mansa a dizer; “vai dar tudo certo preta, você não está sozinha! Paciência!”.
É para as estrelas também que ela pede proteção para o seu amado. Há vidas eles amam. E a cada vida esse amor amadurece. Não tem como duvidar que eles viveram outras vidas juntos. Ela o sente no coração como se sente a um irmão. Um irmão de alma. E ele a sente no coração com a ternura que as almas afins sentem uma pelas outras.
Há anos os dois não estão mais juntos. Há anos eles não se veem. Mas ela nunca deixou de pensar nele, muito menos ele nela. Outro dia Bela abriu sua caixa de e mail e leu: “Quantas vezes você me visitou em sonhos... ora sorrindo, ora calada. Um amor assim não é em vão. Nós ainda vamos nos reencontrar”.
Bela leu o e mail e pôs a imaginar a visita onírica ao seu amado. Ela aparecia para ele como uma deusa. Toda de amarelo. Colares e braceletes de ouro, tiara enfeitando a cabeça. Flutuando, sorrindo, beijando seu rosto e desaparecendo subitamente. Outras vezes ela aparecia calada, apenas observando-o, séria. Quando Kako aproximava ela desaparecia. Pensou: “das vezes que o visitei calada devia estar angustiada. Pedindo por ajuda talvez”.
O céu escuro é um dos mistérios mais lindos para Bela. Quando ela caminha à noite pelas ruas estreitas de pedra sabão sempre olha para o alto. Gosta de contemplar o mistério. Pensa “como teria vivido às pessoas que habitaram este lugar há exatos 200 ou 300 anos?” A história a fascina. Bela sempre viveu no mundo da lua, tem dificuldade de lidar com a realidade objetiva. Vive sonhando. Acredita em portais, em espíritos e magia. Para ela existem mundos diversos, e quem tem o “dom” acaba vendo coisas que estão além da nossa realidade. Criaturas de outros mundos para ela circulam entre nós, e os mundos paralelos estão aí, para quem pode vê-los.
Bela sabe que seu amor não tem fim e que vai muito além da cultura. Por isso ela acredita no amor como uma força capaz de transmutar toda dor. Ela sabe que os finais são muito melhores que os contos de fadas, que o “viveram felizes para sempre” na verdade é: “então eles aprenderam a amar um ao outro incondicionalmente, e foram libertos para todo sempre do apego. Evoluindo pelo amor, suas almas enfim, se elevaram e eles viraram luz para todo sempre!”
Aline Rafaela