Às vezes eu olho em volta e parece que todo mundo sabe viver, menos eu. Como se existisse um manual que eu não recebi. As pessoas se encaixam, se entendem, seguem em frente. E eu tô aqui, tentando não parecer tão perdido. Eu respondo, apareço, rio quando é esperado, mas por dentro parece que tô sempre meio longe, como se existisse um vidro entre eu e o resto. E não é drama, nem vontade de ser diferente. É só essa sensação estranha de não pertencer totalmente a lugar nenhum — e de não saber se o problema sou eu ou se todo mundo só aprendeu a fingir melhor.
- Beco Escuro.
"Todas as coisas boas são selvagens e livres."
— Henry David Thoreau
March 20, 1923 Journals of Anais Nin 1923-1927 [volume 3]
Todo mundo, em algum momento, sonha com um amor. Crescemos embalados por romances de cinema, por olhares que dizem tudo, por histórias que começam num acaso bonito e duram para sempre.
Mas a vida — a vida real — não segue o mesmo script. Aqui, os amores não têm trilha sonora. Eles vêm e vão. Alguns nem chegam a florescer. Outros se perdem na rotina, desgastam, adoecem.
O “felizes para sempre” mora nas telas. Na realidade, o amor é breve. E às vezes, nem chega a ser.
Meu período de férias do trabalho já está encerrando e há um relato interessante que eu gostaria de relatar. Eis o que ocorreu: nessas férias, pela primeira vez, estive com todas as redes sociais desativadas ou paradas (com excessão do Tumblr, mas utilizei pouco). Pela primeira vez não senti a necessidade de mostrar a minha rotina para as outras pessoas e nem de tentar agradar aqueles que iriam me acompanhar no Instagram ou no Facebook. Pela primeira vez, apenas vivi um dia de cada vez sem me preocupar se deveria postar X ou que iriam achar se eu postar Y. De fato, me libertei de algo que imaginei ser quase impossível: do anseio que querer mostrar uma vida perfeita que não existe. Nessas férias, senti-me livre e... Vivo. Um dia de cada vez, o trabalho apenas pelo prazer de movimentar o corpo e a mente, o estudo pela necessidade de me aperfeiçoar na área de atuação, a companhia de meus pais e irmão, esse foi o meu período de férias. E se eu tivesse viajado para Dubai? E se eu tivesse comprado com carro novo? Bem, isso poderia ocorrer, mas somente Deus, minha família e eu saberíamos.
É libertador quando conseguimos escapar dessa ideia de que todos devem saber todo instante o que estamos fazendo ou pensando. Não ser escravo do ciclo de Dopamina que infectou a sociedade pós-moderna, isso é um troféu de vitória de valor inestimável.
Tem 28 anos de idade. Gosta de ler, de tomar chimarrão e de observar o céu estrelado.
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