um impulso quase febril de moldar perguntas toda vez que me atrevo a tocar tuas palavras. É que, sem jamais ter te dito — talvez por vergonha, talvez por medo de parecer tola — carrego a esperança clandestina de que cada frase me guarde em segredo, de que cada texto teu seja um sussurro disfarçado com o meu nome. Nunca tive coragem de admitir, mas meu peito se rasga em ciúmes viscerais, ferozes, doentios, egoístas, só de imaginar tuas mãos escrevendo para outra. Esse segundo que não me pertence — esse tempo que não é meu — me corrói com a fome de um amor que ainda não se nomeia.
Fala comigo, amor.
Deixe um recado.
Deixe uma pista, ainda que cifrada, em alguma canção de sentidos ocultos-desocultados, dessas que dizem tudo sem precisar dizer. Ou será preciso outra noite tua? Daquelas em que a bebida te desnuda, se torna coragem e você me busca como quem se perde e eu aproveito as migalhas sinceras do teu delírio?
Maldição.
Então escreve.
Porra, escreve outro texto, se quiser. Mas responda.
Responda aos outdoors espalhados pelas avenidas da cidade inteira: Quem é sua menina?
— b.m
Oh, you fill my head with pieces of a song I can't get out!
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