A expressão que se formou no rosto dela era o que mais tinha de desgostosa possível. Mesmo que o elogio dele tivesse vindo em bom momento, a outra parte não era nenhum pouco receptiva. "Ugh, não quero nem pensar nisso. Se eles têm testículos, então eles devem usar para alguma coisa. Minha mente não pode ser infestada por isso." É claro que, como escritora, já tinha lido algumas fanfics bem duvidosas. No final, ainda existia Don Juan Velociraptor, com quem tinha pesadelos bem reais desde que teve o desprazer de ler. Era curiosa o suficiente para que pensasse 'por que não ler a respeito disso?'. Não que fosse o tipo de pessoa que criticava as ideias ou a forma de pensar de alguém, mas acreditava que tudo deveria ter limite, até mesmo a imaginação. Sequer permitiu que a mente formasse um pensamento em relação ao tema levantado, já que preferia ficar alheia a qualquer realidade. Monstros simplesmente eram criados e existiam para serem um pé no sapato dos semideuses e deuses. Colocou a mão na cintura de forma impaciente, como se não acreditasse no que estava escutando. "É claro que eu sou nota A em absolutamente tudo." Fez uma pausa, pensando a respeito do arco-e-flecha, que definitivamente não era um A. Talvez, se forçassem bastante, um D. Mesmo que tivesse tentado bastante no passado, não era a melhor pessoa atingindo um alvo, mesmo que agora contasse com uma pistola. Estava fazendo o seu melhor para se adaptar à arma. "Quero dizer, quase tudo, pelo menos." A confissão saiu com a voz baixa, quase como se envergonhasse em não ser boa em tudo. Falava que não se importava com as opiniões alheias a respeito de si, mas não passava de uma mentira, afinal, além de uma semideusa, era uma filha de Afrodite. Gostava de quando a elogiavam falando quando era boa, inflando o ego que já era grande.
"Você quer levar uma surra de novo? Não sabia que era masoquista assim." Um sorriso apareceu nos lábios dela, combinando com a provocação presente nas palavras. Mesmo que soubesse que não teria sorte em vencê-lo novamente em um combate corpo-a-corpo, seria interessante permanecer naquela competição não tão saudável. Adorava um bom desafio até mesmo quando não tinha chances de ganhar. O que gostava, no final, era a sensação de adrenalina que era pulsada através do corpo pelo coração. Havia algo que parecia impedir que ela dissesse não quando alguém a provocava para que entregasse o melhor de si. "Oh, eu sou perfeitinha demais. Talvez seja por isso que vou te colocar no chão facilmente. Perfeitinha em tudo que me proponho." Mesmo que se considerasse uma guerreira, Anastasia ainda tinha a estética girly. Unhas feitas, cabelo perfeitamente arrumado sempre... Não era uma surpresa que ela sempre emanava o aroma doce e chique, que colocava cuidadosamente todas as manhãs. Gostava de parecer patricinha, assim como soar com uma. Quando pegava numa espada, no entanto, era uma guerreira muito bonita e apreciava saber que parecia estar bem. Obviamente, não choraria por uma unha quebrada, até porque as unhas delas era flexíveis com a esmaltação em gel (algo que pensava muito cuidadosamente para não precisar se preocupar com isso durante uma batalha). "Você está realmente gostando de me chamar de seu amor, huh?" A espada voltou para o lugar em seu pulso, brilhando no pingente que adornava a pulseira dourada que utilizava. Começou a movimentar-se antes que o outro pensasse muito sobre o que Anastasia faria, tentando atingir a parte inferior do queixo alheio.
A sensação incômoda no braço fez Diego arregalar os olhos e grunhir em negação. Primeiro, pensou em se desvencilhar, mas isso seria conceder a vitória à filha de Afrodite. Em vez disso, deixou que ela o conduzisse. Em momentos como aquele, pensar valia mais que agir — uma lição aprendida em batalha da pior maneira possível, logo após a maldição que o atormentava todas as noites. Além da mordida, a dor maior vinha do meio das pernas. Estavam lutando de maneira suja, onde regras não valiam de nada. Diego apenas esperava que algo assim não voltasse a acontecer tão cedo. "Golpe baixo, meu amor," disse ele, respirando com dificuldade, inclinando-se para baixo e levando as mãos ao local da joelhada, como se o gesto pudesse aliviar a sensação desconfortável que parecia aumentar a cada pequeno movimento. "Não pretendo ter filhos, mas será você a pessoa que me dará o dom da esterilidade?" Ele riu, deixando que a careta de dor se misturasse com uma expressão animada. "Você foi malvada, baixinha, mas fez o certo. Não sei se monstros têm testículos, mas homens como eu, sim. Em uma situação dessas, a senhorita merece um A pela criatividade. Não haverá semideuses que pensem nisso tão rapidamente." Ao olhar para o local mordido, Diego analisou a marca e o leve surgimento de sangue dos pequenos cortes. Cenários passaram por sua mente tumultuada. Anastasia havia aceitado lutar sujo, então, esse seria o tom daquele treinamento. Ele definitivamente não deixaria isso passar ileso. Devagar, estendeu o braço para agarrar a bolsa de gelo. Pensou em colocá-la entre as pernas, onde doía mais, mas optou por cobrir a mordida primeiro. "Por um segundo, quase a chamei de pinscher." Dramático ou não, ele continuava lamentando. Ainda sensível ao que havia acontecido, precisou se encostar na parede mais próxima. "Mas você fez bem. Bem até demais."
Na mente, ele ponderava sobre o próximo movimento. Poderia derrubá-la ou voltar a usar as armas. Sua katana havia retornado à forma de bracelete, repousando em seu braço como sempre fazia quando não estava em uso. Seus dedos passaram de leve sobre o acessório, mas ele não tinha intenção de usá-la naquele momento. Seria uma luta corpo a corpo, e ele esperava que a semideusa entrasse de vez em seu jogo. "Vem de novo," disse indicando com os dedos para que ela se aproximasse. Ainda manquejava, mas esperava que ela não desse muita atenção ao estado em que o havia deixado. "Tentei desarmá-la, e você conseguiu primeiro. Vamos inverter agora. Me ataque, e então, eu pensarei em como a colocarei no chão." Um sorriso mínimo brotou em seus lábios, e desta vez, ele se posicionou de lado, preservando-se de outro ataque doloroso. "Vou manter as pernas fechadas para evitar uma eventual omelete. Quero que seja ainda mais criativa. Filhos de Afrodite são dotados de doçura e também de vilania. Os dois caminhos do amor, certo? Prove para mim que subestimei você." Provocá-la foi a primeira opção. Sabia que Anastasia era diferente dos outros, embora também fosse o estereótipo perfeito da deusa. Atacar seu âmago naquele aspecto era algo que ele costumava fazer com qualquer um, especialmente consigo mesmo. "Ou você é como dizem por aí... Perfeitinha demais para estragar a bela imagem que mamãe te deu. Vai chorar se eu quebrar uma de suas unhas? Ou se alguns fios do seu belo cabelo se embaraçarem?" Ele foi sarcástico e irônico, buscando irritá-la maliciosamente. "Vem, meu amor. Vamos ver que tipo de perfeição você está escondendo."
Mesmo que tivesse percebido a movimentação alheia, quando tentou se movimentar, bloqueando o ataque, pensou lento demais, o que resultou no braço sendo imobilizado. Golpe baixo? Não, Anastasia adorava uma boa luta sem regras, já que era ciente de que, na vida real, coisas como honra e moral eram fantasiosas demais para contar com isso. Ao escutá-lo, um sorriso provocativo apareceu nos lábios dela, os olhos brilhando com o desafio proposto. Se havia algo que apreciava, era encontrar alguém que tratava cada treino como se fossem situações reais, levando-a a pensar em novas soluções. Mesmo que fosse uma instrutora, apreciava treinar com semideuses que compreendiam do assunto. Sabia que, independente do que fizesse com os braços ou as pernas, poderia não ser o suficiente para se desvencilhar do outro. "You're bold, flower boy." A voz continha humor, mas, ao mesmo tempo, animação por estar naquela situação. Poderia ser um pouco maluco demais dela, mas gostava da sensação do coração batendo acelerado contra o peito, a boca seca e os pensamentos que pareciam correr desenfreadamente, buscando soluções. Quando houve a condição alheia, no entanto, fingiu chateação. Não que pretendesse entrar na mente alheia, mas sempre havia aquela incitação do poder de realizá-lo constantemente. Perguntou-se, por um momento, como seriam as emoções alheias. "Sem poder mágico? Com eles é tão mais divertido, mas imagino que não seria uma visão muito agradável colocá-lo para chorar nessa situação." Imaginava o quão decepcionante seria ele, segurando ela e, no próximo segundo, as lágrimas escorrendo pelo rosto alheio. Mesmo que gostasse de se vangloriar, sabia que não seria algo que gostaria de fazer de forma tão voluntária. "Você acha que preciso das minhas pernas e dos meus braços para fazer você me soltar?" Deu um sorrisinho, que muitos achavam irritantes, em direção a ele. A expressão continha a arrogância inerte da filha de Afrodite, algo que, mesmo que não se orgulhasse, aparecia quando estava empunhando uma espada. Emanava confiança, fosse na linguagem corporal ou na forma com que encarava o rosto do filho de Deméter. Aproximou-se o suficiente da orelha alheia, mais estendendo o pescoço do que fazendo qualquer esforço com o tronco ou o braço que permanecia preso, esperando que ele não previsse o que estava prestes a fazer. "Oh, você me subestima. Não sei se você sabe, mas eu sei ser bem criativa." A voz não passou de um sussurro, sendo perceptível que o sorriso arrogante permanecesse imutável nos lábios dela.
Antes que ele pudesse pensar, os olhos dela desceram rapidamente e, em questão de milésimos de segundo, a boca encontrou a curva do braço que a segurava e do pescoço. A mordida fechou com muito mais força do que estava acostumada, os caninos afundando na pele sem nenhuma gentileza, sentindo a pele resistir e o gosto de suor invadir. Quando pôde sentir o metalizado tomar lugar, mesmo que suavemente (o que não era muito agradável, mas sequer estava pensando direito e esperava não ter deixado uma marca muito forte), imaginando que estava doendo o suficiente, o joelho encontrou o meio das pernas do Gutiérrez com força, conseguindo, enfim, a liberação da mão. "Talvez seja porque sou filha de Afrodite, mas sou particularmente uma grande fã de mordidas. Elas costumam ser mais leves que isso, no entanto." Misturava a brincadeira e a arrogância na voz, não tendo exatamente pena do outro. Afastou-se para pegar um pequeno saco de gelo, no entanto. Mesmo que não fosse exatamente o maior exemplo de empatia naquelas situações, sabia como provavelmente a mordida poderia estar doendo. A sensação gelada talvez melhorasse. "Aqui, você deve estar dolorido." Encostou o saco na região, esperando que ele não a odiasse tanto por aquilo. "Espero que você não fique com uma marca, mas pense pelo lado positivo... Tenho certeza de que vai fazer com que você pareça mais desejado." Piscou para o homem de forma brincalhona, olhando para a região enquanto levantava o saco para dar uma breve checada. É, talvez fosse necessário passar um pouco de bálsamo mais tarde.
E ali estava o resultado que ele tanto buscava. Se antes ela havia demonstrado certa habilidade, agora Diego sentia uma energia ainda mais intensa fluindo entre os dois. Um sorriso travesso surgiu nos lábios avermelhados do semideus, que prontamente, com a katana em mãos, assumiu a mesma posição que a semideusa. Ele era mais lento, mas tinha astúcia e, de certo modo, mais experiência. Mas não podia subestimá-la. Jamais faria isso. Não tão cedo. Sem avisar, ele avançou, e a lâmina da katana encontrou a dela, produzindo o conhecido tintilar do metal. Antes que ela recuasse para um novo ataque — talvez apelando para um golpe baixo, seu habitual recurso infalível — Diego segurou a mão que empunhava a arma, aplicando força suficiente para fazê-la soltar a lâmina. Como não obteve uma resposta imediata, ele a agarrou pelo tronco, afastando o braço que ainda segurava a lâmina, mantendo-a fora de alcance. Se Anastasia conseguisse se desvencilhar, ele estaria em sérios apuros. "Antes que proteste, a luta nunca é justa. Você sabe disso; é habilidosa demais para se enganar," o filho de Deméter insistiu, apertando ainda mais a mão dela. "Vamos imaginar uma situação: um monstro, mais ou menos da sua estatura, mas milhões de anos mais experiente que você, conseguiu imobilizá-la... O que faria a seguir? E, antes que pense nisso, sem usar poderes mágicos." A outra mão que a segurava pelo tronco impedia movimentos mais bruscos. Diego queria uma reação racional, mas ao mesmo tempo espontânea. Monstros, deuses, grandes heróis... nunca lutavam com justiça. Era sobreviver ou perecer. Não havia outra opção. "Estou à sua mercê. Suas pernas estão livres, mas se tentar usá-las de uma vez, vai se arrepender. Se usar a mão livre, só vai desperdiçar energia. Vamos lá, bonitinha!" provocou, o sorriso crescendo ainda mais em seu rosto.
As palavras dele causaram uma risada que veio naturalmente para Anastasia. Era interessante ver alguém afofando seu ego, algo que não estava acostumada. Geralmente quando venci alguém, geralmente era seguido de vários xingamentos, uma vez que não esperavam que fosse habilidosa de qualquer forma. Era um preconceito que lutava frequentemente, mas, ainda assim, era um comportamento que parecia permanecer entre os campistas, até mesmo os mais jovens. "Mais jovens? Você é só quatro anos mais velho. Não é como se fosse um velho ancião pronto para espalhar o conhecimento sobre a vida." Achou graça, no entanto, como o outro parecia se definir. Não tinham uma diferença de idade tão grande assim, o que fazia com que a comicidade se tornasse ainda maior naquela situação. A provocação, no entanto, fez com que o sorriso em seu rosto aumentasse ainda mais. Era uma pessoa competitiva, então não era difícil desafiá-la para que aceitasse um desafio. Girou a espada na mão de forma teatral, os olhos brilhando em direção ao semideus. "Quero ver você tentar." Entrou em preparação para combate, os pés se afastando para que oferecessem maior estabilidade para a luta. Mesmo que ele fosse mais forte, Anastasia era mais rápida. "Quando quiser, Cortez."
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Ao atingir o chão após uma esquiva malsucedida, Diego largou a katana, levantando as mãos, uma delas simulando uma bandeira branca imaginária. Seus olhos estavam arregalados de forma cômica, mas nos lábios havia um sorriso bobo e alegre. Em outra situação, com pessoas diferentes, ele estaria furioso. Perder não fazia parte do seu feitio, mas, como se tratava da filha de Afrodite, não viu razão para agir como de costume. "Se continuar assim, vou ganhar uma nova cicatriz." Ele finalmente se sentou, esfregando as mãos contra a calça jeans surrada. "Ou talvez eu esteja ficando velho demais, e vocês, mais jovens, estejam dando um show nesse quesito." Inclinando-se para pegar a katana de volta, Diego se levantou novamente, assumindo a postura defensiva de antes. Com a mão livre, fez um gesto provocativo, incitando um novo embate. "Quero que me derrube mais uma vez, guerreira, mas desta vez, faça de verdade." Provocar a irritação nos outros não era um problema para ele. Se Anastasia permitisse ou cedesse à intimidade que ele buscava, ele faria isso sem hesitar. "Ou então, quem vai para o chão da próxima vez será você, lindinha."