O céu ainda estava acinzentado, a floresta exalava aquela umidade constante, e o clima parecia conspirar para deixar todos mais cansados, mais no limite. Não era novidade. O que foi novidade mesmo foi ouvir a voz de Hunter vindo logo atrás dela. Ela virou o rosto devagar, como quem hesita entre responder ou simplesmente fingir que não ouviu. — Bom dia pra você também, Hunter. — Murmurou, meio irônica, sem sequer olhar pra ele. Angelina encostou o queixo na mão fechada, os olhos semicerrados. — Você tem raiva de quem tá com medo ou tem medo de ficar com raiva? — perguntou de repente, num tom calmo, curioso até. — E óbvio que não acredito nisso. — Ela virou o rosto pra ele, o olhar sério. — Eu acho que tem gente surtando, sim. Tem gente no limite, mas não precisa ser um idiota sobre isso. — Angelina não sabia exatamente o que se passava dentro dele e talvez nem quisesse saber, mas reconhecia um pavio curto quando via um. O dele parecia estar em chamas desde que nasceu. — Ter um coração vez ou outra não vai te fazer menos macho, Hunter. E você deveria agradecer que sou uma das únicas te tolerando aqui porque estão querendo te matar lá dentro.
hunter pouco acreditava naquela bobagem que havia acontecido noites passadas. espíritos eram coisas que adolescentes acreditavam, não adultos funcionais. ainda achava que aquele cara tinha fingido tudo por atenção. é o mínimo que parecia diante toda a situação. estavam presos a tempo o bastante para que alguns sentissem falta da mamãe e do papai e causassem todo aquele show para serem paparicados. idiotas dos completos. ❛ você não vai acreditar nessa palhaçada, não é? ❜ a cara é franzida ao que ouve tais falas, se ouvisse alguém mais dar razão aquela história preferia acabar na selva sozinho do que se manter naquela casa. ❛ estava na cara que era fingimento e não obra de espíritos vingativos. ❜ revira os olhos porque mais idiota que um baile, era acreditar que um espírito vivia no sótão só porque acharam um corpo lá. hunter não estava nem um pouco preparado para viver com pessoas tão inocentes assim. ❛ quando eu sair daqui eu vou contar a todos como algumas pessoas se fizeram de doidas só porque era conveniente. a gente só tá preso no caralho de uma floresta, não em um filme de terror. ❜