Sublimeheresia - Shall I Write It In A Letter?

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1 year ago

ㅤEu te pediria desculpas por esse texto só pela sua cara de desapontado, mas não costumo me desculpar por ser sincera – a sinceridade é meio escrota de vez em quando, eu sei. Mas, você sabe, a verdade é sempre bem-vinda, embora algumas vezes – como agora – não passe de uma filha da puta. Senta aqui. Eu também já levei um pé na bunda. Eu disse que ele não estava preparado para uma mulher como eu. Você sabe, ele se boicotou. Essa gente tem medo de ser feliz. Depois eu pensei que ele talvez estivesse numa fase confusa ou tivesse problemas pra se relacionar. Talvez ele tivesse câncer terminal e não quisesse me machucar. Ou uma ex-namorada que me mataria se me visse com ele. É claro que ele só queria me proteger. Bem, no fim das contas, ele tinha outra. Era essa a dura e inadmissível realidade. Não havia nenhuma justificativa prévia, nenhuma explicação mirabolante: ele simplesmente não me queria. Era só um pé da bunda. Era só um cara me rejeitando do jeito mais miseravelmente simples do mundo. Então, ela também não se boicotou. Ela não está chateada porque você foi um imbecil indiferente naquela sexta-feira. Ela não está te ignorando só porque você esqueceu de parabenizá-la pessoalmente no aniversário dela. A verdade – que deve ter socado o seu estômago no exato momento em que você a descobriu – é que ela não dá a mínima. E tudo bem. Você deve saber que isso não é exatamente um atestado tácito de que você é um partido ruim – aliás, fodam-se os bons partidos. As pessoas se cruzam, se amam, se detestam ou simplesmente permanecem indiferentes e isso não é um problema nosso. É questão de conexão, do bom e velho desejo mútuo que nem sempre dá as caras. E a gente continua mascarando isso com frases clichê que até poderiam fazer parte de um “Manual de como não ser imbecil ao dispensar alguém”: “A pessoa certa no momento errado”, “Não é você, sou eu!”, “Não quero me envolver com ninguém”… Tudo isso é ladainha – uma ladainha muito elegante, confesso – de quem simplesmente não está a fim de tentar. Não existe momento errado para a pessoa certa. A vontade é que move as coisas – e as pessoas, principalmente. Então, quem não te procura simplesmente não quer te procurar, e quanto mais cedo você parar de criar teorias mirabolantes que justifiquem isso, mais cedo você estará pronto para o próximo pé na bunda – você sabe, ele sempre vem.

6 months ago

Clarice nunca esteve mais certa ao contemplar em uma única frase o que eu ansiei para nós: decifra-me ou devoro-te; com uma pequena margem de erro existente na dualidade de que fui decifrada tão lentamente e intimamente que o memorizar dos seus dedos percorrendo as entrelinhas de minhas curvas rasga-me um grito não digerido que, declara-me vencida. Eu me deixaria ser devorada silenciosamente por seus olhos, seus lábios e seus toques precisos, que ditam com uma fineza absoluta o saber do que esta fazendo. És detentor de todas as minhas sensações, todas elas são para você, sempre foram para você.

— b.m


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1 year ago

Ophélia era adjetivo de problemas, carregando todos os seus piores significados inescrupulosos. Tão dissimuladamente doce, com aqueles olhos amendoados, profundos, frios e calculistas que revelavam o suficiente para aliciá-lo a mergulhar na imensidão obscura do que ela poderia oferecer, fazendo pouco caso de sua autopreservação e que descomplicadamente transfiguravam-se em suas perturbações noturnas, - feitio libidinoso a ser enfatizado, da raiz até a alma, meu caro. E aquele sorriso? Oh, deuses! Aquele sorriso encantadoramente devastador, que faziam jus aos lábios carnudos e aos longos cabelos pretos que viviam sempre bem arrumados, exalando um bálsamo natural de cidreiras; ou seria a pele? Pele límpida e embranquecida, tão macia, que sintonizava-se as curvas acentuadas de seu pequeno e esbelto corpo, desenhados pelas mãos do diabo. Favorite du Diable. Era como eu a reconhecia. Totalmente compreensível. Ela viveu há tanto tempo presa á correntes, sendo doutrinada, que hoje, em seu auge, tornou-se um espírito livre, tão fodidamente pecaminoso. Difícil pensar em Ophélia e não assimilá-la a um inferno particular, onde se é atormentado visceralmente, para repetir tudo de novo, de novo e, de novo e mais uma vez. E por que? Tudo que se vê nela é arranjado para aguilhoar, meu pobre homem. Como não querê-la? Como não desejá-la em seus simples detalhes? Um frenesi doentilmente banhado a regalo. Um caos. Maldito caos que só se fazia ambicionar mais, descontroladamente progressivo. Ela, ouso dizer, era uma filha da puta das mais cretinas, uma força inarrável da natureza. Arrebatadora. Tornava-se uma obsessão contínua, após algumas doses homeopáticas. Isso fazia parte de um todo. Ela era única e deixava você ser também, mesmo que isto lhe assustasse. No entanto valia a pena, mesmo que doesse, e doía, mas só no começo.

— b.m


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2 months ago

“Não disse que não é amor, definitivamente é, mas eu sei que é efêmero e que o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores, e mesmo que eu te amasse com todas as forças do meu corpo nem em cem anos poderia te amar tanto quanto te amei em um único dia. Talvez daqui 100 anos eu ame ainda mais, tanto, que tu já tenha se espalhado de tal forma, sendo impossível de tirar daqui do meu eu mais secreto e íntimo não como um prazer, porque eu não sou um para mim mesma, mas como o meu próprio ser existindo na sombra da tua existência, sendo apenas a metade e não meu todo. Onde não há você, não existe eu, só vazio.”

1 year ago

VINHO.

Nesse vinho, afogam-se nossas conversas, que abortadas foram ao nascer sóbrias. Ficamos bêbados, sem medo. Um filósofo alemão disse uma certa vez: “o vinho aflora o que as pessoas têm de melhor, ou de pior.” Mas nessa altura, já não me lembro ao certo de onde era o filósofo. Era ele da Alemanha ou do buteco da esquina? Difícil dizer, talvez eu tenha acabado de inventar essa frase com meia garrafa de vinho… — Você acabou de invertar essa frase depois de meia garrafa de vinho! — Ele exclamou com uma gargalhada. — Se for isso mesmo, acho melhor pegar outra garrafa, você ainda consegue perceber quando filosofo coisas. — Eu sussurrei. — Além do mais, quero fazer filosofia mais tarde, no quarto. Dizendo algo do tipo: “Suas pernas são como o horizonte longíneo que aventureiros jamais sonharam em vislumbrar.” — Ele franziu a testa e fingiu um olhar zangado — Isso tá mais para poesia! Eu ria. — Devo pegar duas então. Uma para a filósofa e outra para a poeta. Nós rimos.

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Shall I write it in a letter?

Oh, you fill my head with pieces of a song I can't get out!

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