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Eu Criei Um Monstro - Blog Posts

9 months ago
Não Estava Confiante Sobre O Quanto O Semideus Estava Bem, Principalmente Porque Continuava Na Cama.

Não estava confiante sobre o quanto o semideus estava bem, principalmente porque continuava na cama. Os curandeiros sabiam melhor do que ambos como estava a saúde alheia, então estava hesitante em acreditar nas palavras alheias. Para ela, era inevitável a preocupação. Mesmo que os monstros não passassem de uma ilusão, o dano tinha sido real. Desde que foram juntos para a missão, tantos anos atrás, a necessidade da garantia do bem-estar dele tinha se tornado uma rotina na vida de Anastasia. Quando parava para pensar, era até mesmo estranho refletir como alguém passava a ter tanta importância para o resto do dia em questão de dias juntos. Ao ter a mão envolvida pela do outro, no gesto singelo que parecia rotineiro para eles, quis muito acreditar nas palavras alheias, mas permanecia hesitante. Os olhos procuraram os dele, procurando as verdades ali, mas ainda não era capaz de decifrar completamente. Quando observava o outro, tinha a certeza de que não estava tão bem assim, mas talvez precise dar aquela confiança para que Santiago tivesse alguma paz consigo mesma. Se fingisse, talvez, em algum momento, se tornasse verdade. Ainda assim, tinha a vontade dentro de si, de uma forma quase pulsante, em buscar na mente alheia os sinais de dor que poderia encontrar, mas resistia aos impulsos do próprio poder em compreender e conquistar espaço entre os sentimentos alheios.

Ao escutar as palavras alheias, no entanto, a expressão se endureceu. Obviamente, sabia do que o outro estava se referindo, mas permanecia irritada com o que dizia. Mesmo que, na maioria das vezes, gostasse daquele comportamento de proteção, aquela não se tratava de uma situação que precisava ser paparicada. Tirou a própria mão do poder de Santiago, revelando ainda mais a chateação. Sabia que, se estivesse no lugar dele, provavelmente se comportaria da mesma forma. Não suportaria a ideia de perdê-lo tanto quanto ele, mas eram semideuses, no final das contas. Viviam à mercê do perigo. "I don't need your permission." A voz soou fria, quase distante. Talvez estivesse sendo dura demais com Santiago, mas precisava que ele compreendesse que não era uma boneca de porcelana prestes a quebrar. Anastasia desviou o olhar, não desejando entrar em um conflito com ele naquele momento em que o semideus estava tão frágil. Poderia ser uma besteira da sua parte se preocupar tanto com aquelas escolhas de palavras, mas estava cansada de ser tratada como fraca. Pareciam estar constantemente aguardando uma oportunidade de vê-la desistir e apenas ser mais uma garotinha bonita. Sabia que Santiago não a via assim, sendo movido pelos próprios medos, mas precisava que acreditasse nela, mesmo quando o mundo parecia não fazer o mesmo. "Não preciso de proteção. Sou mais habilidosa com a espada que grande parte dos semideuses aqui." Era difícil encará-lo naquele momento, mantendo o olhar fixo nos próprios pés, adornados pelas sandálias de salto alto, algo imutável para ela. Ser tratada diferente só porque se vestia da forma que gostava ou aparentava ser de certa forma não era o que ansiava. Não culpava Santiago por aquele sentimento aparecer no pior momento possível, mas estava lá novamente: a insegurança que aparecia de tempos em tempos. "Diferente dos filhos de Atena ou dos filhos de Ares, não nasci para ser uma guerreira. Filhos de Afrodite não são guerreiros e você sabe disso." Tentou justificar, uma vez que sempre esperavam que fosse a musa que inspira guerreiros a realizarem os feitos que estavam destinados a ter enquanto espera pacientemente para voltarem e reivindiquem seu amor. Após passar meses chorando por conta do luto, Anastasia tinha decidido que não seria esse tipo de pessoa. Foi quando decidiu começar a treinar mais que qualquer um, desejando provar que todos os que esperavam o mínimo dela estivessem errados. "Mas foi o que escolhi e o que eu continuo escolhendo todos os dias. Não é apenas um impulso movido a um sentimento de grandeza que estou querendo. Dentre as pessoas do Acampamento, talvez eu seja uma das mais indicadas pela facilidade que tenho de barganha, além de ser ágil e veloz durante o combate." Foi quando voltou o olhar para ele, mais sério do que esteve em bastante tempo. Mesmo que houvesse aquele carinho de sempre (talvez fosse impossível sumir completamente), ainda sim precisava que, para que o outro compreendesse o lado, não tivesse a tristeza ou culpa que parecia carregar aquele diálogo entre os dois. Anastasia preferia morrer em combate, tentando salvar aqueles que precisavam de sua ajuda, do que morrer de alguma forma tediosa e besta. Por conta disso, tinha lutado tanto para tentar superar a cicatriz que cortava o rosto e também para não morrer nas mãos de pelúcias. Quando estava sendo carregada até a enfermaria por Raynar, Anastasia acreditou firmemente que não morreria naquela noite. "Preciso que acredite em mim, Santiago." Principalmente pelo que ele significava para ela e, para reforçar as palavras, a mão foi para o rosto dele, acariciando a lateral ao mesmo tempo que obrigava com que olhasse para a seriedade da expressão da semideusa. Eram família e, mesmo quando não confessava para si mesma, havia quase uma gravidade que parecia guiá-la novamente para ele, o que fazia com que a opinião dele importasse mais do que a maioria.

Quando o outro levantou, a preocupação retornou e resistiu à vontade de ajudá-lo a se estabilizar na posição. Escutou o que o outro dizia e sentiu os olhos queimarem por um segundo, desviando o olhar novamente para os joelhos que se tocavam. Sabia que deveria escutá-lo com mais afinco, mas nada fazia com que se sentisse completamente bem a respeito daquilo. Esperava apenas que os semideuses que tinham caído estivessem bem. A respiração ficou pesada e ficou em silêncio conforme absorvia. Mesmo que fosse um toque singelo, sentia o calor alheio que emanava daquele único ponto onde estavam encostados, preenchê-la como se desejasse fazer com que o humor que estava sentindo melhorasse. Fechou os olhos, tentando lembrar como respirava e não ser consumida pelo turbilhão que tomava cada parte de si, focando no presente. Santiago estava certo em relação aquilo. Não poderia ficar se perguntando o que seria e sim focar no que estava sendo. Todos poderiam ter feito algo diferente. Restava, para eles, torcer para que estivessem bem, dentro do possível. A confissão do outro fez com que os olhos de Anastasia se abrissem novamente e encarassem o rosto do amigo, observando cada traço com bastante cuidado. Os sentimentos alheios eram um reflexo dos próprios, então sabia exatamente como se sentia. Por um momento, desejava que não fossem semideuses, preocupados mais com a sobrevivência do que com problemas fúteis. Queria apenas ficar abraçada ao amigo, ignorando o mundo que desabava ao redor deles, apenas por um segundo de normalidade. Aquilo, no entanto, não passava de cenários irreais que criava para pensar que, em outro universo, talvez não estivessem tendo conversas tão difíceis. "Obrigada por isso." Um sorriso apareceu nos lábios dela, finalmente, mesmo que fosse repleto de incerteza. Talvez o primeiro passo fosse parar de pensar tanto a respeito dos problemas e sim nas soluções. Assim que saísse de lá, conversaria com Dionísio para sair em missão atrás dos caídos. Aproximou-se de Santiago até que estivessem mais perto do que um toque de joelhos, envolvendo os braços ao redor dele para que compartilhasse um abraço longo e apertado. Inspirou o aroma dele, fazendo com que se sentisse ainda mais confortável. Havia algo familiar em envolvê-lo em abraços e estar tão perto. A distância era algo esquisito, principalmente por dormirem juntos em diversas situações diferentes.

Durou alguns segundos até que se afastasse alguns centímetros, segurando o rosto alheio e depositando um beijo no topo da testa alheia. Havia muito carinho envolvido naquela simples ação, mas esperava que fosse o suficiente para que o outro compreendesse que ele não a perderia. Estavam ali, juntos e vivos, e era o que importava por enquanto. Se viveriam ou morreriam não dependia apenas deles e não havia muito como garantir que teriam a mesma coisa no próximo dia. Por conta disso, Anastasia ficava satisfeita com as migalhas de felicidade que eram oferecidas de tempos em tempos, agarrando-se aquilo como se fosse perder em qualquer momento. Não poderia culpá-lo de possuir aquele medo quando ela mesma permanecia esperando o pior. "Só me promete não esquecer de uma coisa." Repetiu o que o outro tinha falado, um certo humor no tom de voz que era reforçado pelo sorriso contido. Encostou a testa na dele, respirando de forma pesada. Culpava os batimentos cardíacos, que estavam desenfreados contra o peito dela, fazendo com que se tornasse um pouco mais dificultoso formar qualquer pensamento minimamente são em sua cabeça. Tentava não pensar na sensação da pele do outro contra a sua ou da pouca distância entre ambos. Não fazia sentido pensar a respeito daquilo, certo? Eram apenas amigos. Ainda assim, os pensamentos pareciam conflitar e, por um mínimo segundo, até esqueceu de onde estava. "Sempre que você precisar, estarei aqui para você." A voz era doce, carregada do carinho que parecia imutável entre os dois. "Não vai acontecer nada comigo, Santi. Precisa mais do que monstros e cicatrizes para que eu quebre de alguma forma."

Não Estava Confiante Sobre O Quanto O Semideus Estava Bem, Principalmente Porque Continuava Na Cama.
ncstya - ♡ 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐄𝐓𝐈𝐂 .

Não podia evitar–seu próprio bem estar sempre cairia em segundo plano quando comparado ao de quem queria bem. Aquela era a sua natureza, e a autopreservação não era um dos instintos que possuía. Entendia que Anastasia estivesse preocupada pois, se invertessem os papéis, provavelmente estaria arrancando os cabelos em seu lugar. Podia ouvir o medo em seu tom muito mais do que em suas palavras e, por mais que odiasse ser motivo para tanta preocupação, não podia encontrar em si mesmo a força necessária para dizer-lhe mentiras. Seria fácil, simplesmente oferecer um punhado de promessas vazias na intenção de a tirar de sua cola, mas Anastasia merecia mais do que fácil. Ela merecia justo, verdadeiro. Merecia o seu melhor. ʿ Eu já estou melhor, Nas, te lo juro. Não estou 100%, mas conheço meus limites. Preciso que você confie em mim um pouquinho. ʾ Pediu, sua mão procurando pela dela como se o hábito fosse difícil de quebrar. Se sentia agudamente consciente cada vez que se tocavam, em especial desde a Ilha, mas a alternativa o parecia ainda mais torturante, e a naturalidade com que seus dedos pareciam se encaixar nos dela projetava um senso de normalidade muito bem-vindo naquela ocasião em particular. Com tudo virado de ponta cabeça, encontrava conforto em saber que certas coisas jamais mudariam.

Ao vê-la sentando-se à beira de sua cama, notou como havia espaço entre seus corpos. Mesmo próxima o suficiente para que estender a mão bastasse para a ter consigo, a sentiu quase inalcançável naquela posição, e se perguntava se e mudança em sua postura era culpa sua. Havia tornado as coisas estranhas na noite em que haviam dividido o mesmo ofurô, e agora sofria com as consequências das próprias ações. Só o que queria era a trazer para si até que a tivesse contra o próprio peito, a puxar até a ter entre suas pernas e a aninhar junto a si, tão perto que ela poderia sentir seus batimentos cardíacos reverberando em suas costas–detestava que não podia confiar em si mesmo para o fazer sem que sua natureza humana e a maldição de Afrodite o traíssem. A vontade beirava o desespero, tão destoante de todas as outras emoções que espiralavam em seus pensamentos tortuosos, e só o que pôde fazer foi a engolir. Cuidadoso, não deixou seus olhos vagarem daquela vez, e buscou pelos dela conforme a ouviu lhe falar. O que lhe foi dito carregava tanta certeza que, por um segundo, abriu e fechou a boca sem emitir um som sequer, como se a surpresa lhe houvesse roubado qualquer reação. ʿ  You can't come with me.  ʾ A resposta lhe escapou aos borbotões tão logo recuperou suas faculdades mentais, sabendo que os colocaria em um embate. ʿ  Eu sei que é importante para você, sei o porquê, mas... Se você estiver comigo, eu não vou conseguir me concentrar em nada além de você.  ʾ A admissão era perigosa, e aos poucos sentiu a queimação de um coração que ameaçava empedrar mas, se escolhesse suas palavras deliberadamente, o poderia dizer sem a dor o dilacerar. Aquela era uma resposta injusta, dada no calor da emoção e que a colocaria na posição terrível de ter que defender o próprio direito de lutar, mas Santiago a dissera em impulso, e agora já não a podia retirar. ʿ  I can't go after them if I'm worried I'll lose you too.  ʾ A explicação era lógica, uma verdade rasa, e era tudo o que podia oferecer sem que a deusa do amor o viesse cobrar. Conversas como aquela eram uma corda bamba em que perder o equilíbrio era a própria condenação. Já era difícil o suficiente tentar se manter otimista e acreditar que Katrina e Melis estavam vivas e bem, mas a mera ideia de que Anastasia o seguisse até o submundo e encontrasse o mesmo fim era o suficiente para o colocar em parafuso. O toque em seu rosto poderia ter sido um tapa tamanha foi sua reação de choque, e o contato foi dissolvido tão rápido quanto aconteceu, o deixando confuso ao encará-la, o sabor amargo da rejeição sendo provado na ponta de sua língua.

A havia tentado dissuadir de qualquer sentimento de culpa na noite anterior, sem muito sucesso. Não sabia o que podia dizer ou fazer para a convencer que nada do que havia acontecido era culpa sua. Só tinham Hécate e Hades a odiar pelo que havia passado ao fecharem a fenda, e desviar os sentimentos de rancor para qualquer outra pessoa só faria diluir a responsabilidade de quem realmente havia causado o sofrimento que dividiam. ʿ  Eu entendo como você se sente, bebé, mas preciso que me escute com atenção.  ʾ Sua voz soou quase como súplica ao falar, o apelido carinhoso escapando sem que se atentasse–como a costumava chamar anos e anos atrás, quando o contexto era outro. Aproximou-se com certo receio, ajustando a própria posição na cama de maneira a sentar ao seu lado, seu joelho tocando o dela. A dedicou sua atenção total, deixando que cada uma das muralhas que erguia para esconder o que sentia viesse à terra na esperança de a ver fazer o mesmo. Registrou cada detalhe no rosto vulnerável diante de si, tanto os antigos quanto os novos: os olhos castanhos repletos de dor, a curva de seu nariz a milímetros do próprio, a cicatriz ainda recente que a parecia atormentar. ʿ  Você teve a coragem de tentar. Sabe quantas pessoas teriam corrido para colocar o próprio traseiro em segurança e deixado que Melis fosse para o caralho ? Você não a deixou sozinha até o final.  ʾ A lembrou, porque era fácil perder a perspectiva quando um erro podia custar uma vida, por muito que a palavra final o parecesse terrível no contexto que tratavam. ʿ  Eu não estava lá para tentar ajudar. Muitos de nós não estavam, e nós também nos culpamos por isso. Essa responsabilidade era de todos nós e não só sua. Não podemos deixar essa culpa nos corroer, ou vamos ficar paralisados demais para fazer qualquer coisa.  ʾ Havia certa exasperação ao colocar para fora como se sentia, não porque as emoções de Anastasia o aborreciam, mas porque eram um espelho de suas próprias. Ao se incluir no sentimento que tanto a açoitava, esperava que ela entendesse que não era trabalho seu carregar o peso do mundo em suas costas. ʿ  Eu sei que é injusto eu não querer que você venha na missão, e me desculpa por o ter dito. Esquece que eu falei isso, eu sei que você é grandinha o suficiente para se cuidar.  ʾ Uma vez acalmados os ânimos, precisava se explicar. Tinha muito ainda por dizer, e lhe faltava encontrar uma maneira segura de colocar o que sentia em palavras. ʿ Só me promete não esquecer de uma coisa. ʾ Aquele era o momento em que pedia mais do que ela era capaz de prometer, bem sabia, mas só lhe restava tentar. ʿ  Ao mesmo tempo que eu te quero ao meu lado, eu morro de medo de que algo aconteça com você e eu...  ʾ O restante da frase foi deixado em silêncio, pontuado apenas com o olhar. Fique sozinho. Aquele era seu medo–uma vida sem tê-la para o ancorar. ʿ So don't die on me. You're not allowed to die on me. ʾ Seu tom era quase uma ameaça, dotado de uma seriedade pouco característica, calculada para a fazer pausar.

ncstya - ♡ 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐄𝐓𝐈𝐂 .

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