um impulso quase febril de moldar perguntas toda vez que me atrevo a tocar tuas palavras. É que, sem jamais ter te dito — talvez por vergonha, talvez por medo de parecer tola — carrego a esperança clandestina de que cada frase me guarde em segredo, de que cada texto teu seja um sussurro disfarçado com o meu nome. Nunca tive coragem de admitir, mas meu peito se rasga em ciúmes viscerais, ferozes, doentios, egoístas, só de imaginar tuas mãos escrevendo para outra. Esse segundo que não me pertence — esse tempo que não é meu — me corrói com a fome de um amor que ainda não se nomeia.
Fala comigo, amor.
Deixe um recado.
Deixe uma pista, ainda que cifrada, em alguma canção de sentidos ocultos-desocultados, dessas que dizem tudo sem precisar dizer. Ou será preciso outra noite tua? Daquelas em que a bebida te desnuda, se torna coragem e você me busca como quem se perde e eu aproveito as migalhas sinceras do teu delírio?
Maldição.
Então escreve.
Porra, escreve outro texto, se quiser. Mas responda.
Responda aos outdoors espalhados pelas avenidas da cidade inteira: Quem é sua menina?
— b.m
“Não disse que não é amor, definitivamente é, mas eu sei que é efêmero e que o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores, e mesmo que eu te amasse com todas as forças do meu corpo nem em cem anos poderia te amar tanto quanto te amei em um único dia. Talvez daqui 100 anos eu ame ainda mais, tanto, que tu já tenha se espalhado de tal forma, sendo impossível de tirar daqui do meu eu mais secreto e íntimo não como um prazer, porque eu não sou um para mim mesma, mas como o meu próprio ser existindo na sombra da tua existência, sendo apenas a metade e não meu todo. Onde não há você, não existe eu, só vazio.”
Eu vejo você em tudo!
O amor, esse sufoco, Agora há pouco era muito, Agora, apenas um sopro. Ah, troço de louco, Corações trocando rosas, E socos. Paulo Leminski
Oh, you fill my head with pieces of a song I can't get out!
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