eu só queria ser algo bom pra você.
— Eu não conto, se você não contar.
“Não disse que não é amor, definitivamente é, mas eu sei que é efêmero e que o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores, e mesmo que eu te amasse com todas as forças do meu corpo nem em cem anos poderia te amar tanto quanto te amei em um único dia. Talvez daqui 100 anos eu ame ainda mais, tanto, que tu já tenha se espalhado de tal forma, sendo impossível de tirar daqui do meu eu mais secreto e íntimo não como um prazer, porque eu não sou um para mim mesma, mas como o meu próprio ser existindo na sombra da tua existência, sendo apenas a metade e não meu todo. Onde não há você, não existe eu, só vazio.”
lembra da ultima vez que a gente discutiu? as vezes tenho uns lapsos, porque entre todas, se você me perguntar como e porquê começou, eu não lembro. e não porquê não me importo, é que naquele momento, tem algo te puxando pra longe e eu me desespero. sinto de forma genuína, nós gritamos um com o outro, mas ninguém ouve. nossos corações estão se afastando, e isso dói. — eu sei, disse que não faria isso novamente, mas estou aqui me lamentando como um herói que não conseguiu salvar o mundo, mas era eu quem precisava ser salvo.
Nunca me fiz de rogada, a verdade é que, antes mesmo dele eu já ansiava. Ansiava por alguém, por algo. É um tanto clichê redigir e conduzir os ideais de uma garota não tão comum que sentia não encaixar-se em um mundo tão… tão mundo, mas a verdade que pairava sobre mim é que o interno nunca foi interessante o suficiente e aprendi cedo demais que o externo era o que destacaria-se perante uma sociedade tão superficial e, sorte a minha ser tão bela. Modéstia à parte eu era ridiculamente bonita, com meus longos cabelos cor de laranja, olhos profundamente azuis, sardas que exibiam-se angelicalmente sobre as maçãs de meu rosto e contornavam delicadamente meu nariz empinado. Meu corpo? Esbelto com curvas estrategicamente postas para agradar os olhos até dos mais exigentes, mas nada disso valia-me, já que a única coisa do qual tudo isso me proporcionou foram noites longas remoendo amargamente um desastre natural das palavras não ditas àquele imbecil.
A verdade é que assustava-me a intensidade com o qual ele me olhava. Seu olhar tão impetuoso sobre mim, fazia-me queimar sobre minha própria pele e querer correr em busca de algum refúgio desconhecido que me protegesse de qualquer decepção, mas sinceramente? Não reconhecia qual.
[...]
Eu desejava tão intensamente que ele soubesse todos os pormenores que dedicava à ele, sem sequer saber que fazia por ele. Uma playlist no spotify, um livro ou outro, até mesmo minhas desventuras noturnas em meio a um gole ou outro de uma cerveja gelada concluíam-se no mesmo ritual, o de ouvir alguma música estúpida que declarasse inverdades sexuais… me lembravam ele. Não que o visse apenas dessa forma, mas CARALHOOO! Por Hades, querido!!! O que me tomou foi muito além da minha própria cerne, foi minha alma… até que comecei a protagonizar-me em cartas enormes que te escrevi e nunca as enviei. Sempre fui humilde a ponto de entender que nunca possui tino para a escrita, diferente de você, mas em meio às minhas inúmeras tentativas, te escrevi.
— b.m
Oh, you fill my head with pieces of a song I can't get out!
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